quinta-feira, janeiro 29, 2009

De quem é o PRÉ-SAL? / PPS se alia a PSDB/ Questão Cesare Batistti



Por Emanuel Cancella, Diretor do Sindipetro-RJ
Artigo publicado em 'O Globo' de 21/01/2009
Divulgação: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)


Quem vai financiar a produção de petróleo e gás descoberto no pré-sal? A Petrobrás, lógico! Com que dinheiro? O pré-sal e suas reservas gigantescas de petróleo e gás são garantias para qualquer financiamento em bancos no Brasil e no mundo. A Petrobrás financiou, com recursos próprios, durante décadas, a pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para descobrir o pré-sal. O pré-sal era inatingível para o mundo do petróleo. A Petrobrás aceitou o desafio e chegou lá. Profundidades de 5 a 7 mil metros depois da lâmina d´água de 2mil metros no mar. Toda essa tecnologia foi desenvolvida no centro de pesquisas da Petrobrás que gastou bilhões de reais.

No momento em que as reservas de petróleo e gás no mundo estão em declínio, a Petrobrás trás essa noticia alvissareira que nos enche de orgulho: o pré-sal possui reservas de petróleo e gás que nos coloca ao lado dos grandes produtores de petróleo do mundo. Estamos falando em valores que podem atingir trilhões de dólares. O preço do petróleo abaixo dos cinqüenta dólares é artificial; qualquer especialista sabe que o patamar mínimo é de 100 dólares quando sabemos que a commodity já atingiu preço internacional acima é de 140 dólares. A matriz energética do mundo tem como base o petróleo e o gás e vai continuar a sê-lo, durante pelo menos os próximos cinqüenta anos.

Manter leilões de petróleo como quer a Agência Nacional de Petróleo (ANP) é entregar o ouro (negro) aos bandidos, como diz o jargão popular. É privatizar nosso petróleo e gás! Alguém sabe do dinheiro das privatizações de FHC? E dos 10 leilões de petróleo realizados nos governos de FHC e Lula também ninguém sabe! No silêncio criminoso dos governos e na desinformação da sociedade, as multinacionais avançam.

A empresa americana Exxon Mobil descobre em 21/01/2009 um megacampo, BMS-22 de petróleo e gás na área do pré-sal. Grande parte de nossas áreas com potencial petrolífero já estão entregues através dos leilões às empresas privadas, em sua maioria multinacionais, incluindo o pré-sal. Essas mesmas empresas, através dos Contratos de Risco adotados pelo Governo de Ernesto Geisel estiveram no Brasil, de 1975 a 1988, sem sucesso. A diferença é que no governo Geisel, a busca do petróleo e gás partia do zero, já nos leilões da ANP as áreas com potencial petrolífero já estão mapeadas pela Petrobrás, são as chamadas áreas azuis. Por isso é que os contratos de Geisel eram chamados de risco, e também por isso nada foi encontrado porque descobrir petróleo e gás e muito oneroso, e o risco é muito grande. A Petrobrás financiou e correu todo o risco, para o governo através da ANP entregar de mãos beijadas nosso petróleo e gás.

Enquanto isso, os nossos hospitais públicos continuam caóticos; o ensino público deficiente; a segurança pública em crise; grande parte dos municípios sem água e esgotos tratados. Sempre foi assim no Brasil, continuamos ao longo da história a entregar nossas riquezas. Já levaram nosso ouro metal e agora é o ouro negro. No futebol podemos nos dar ao luxo em ser o grande exportador de craques, como Ronaldinhos, Kaká e Robinho, até porque no Brasil eles se renovam a cada ano. Mas a natureza, para transformar os fósseis em hidrocarboneto, precisa de milhões de anos. O petróleo tem que ser nosso!



www.apn.org.br

É permitida (e recomendável) a reprodução deste artigo, desde que citada a fonte.


fonte:http://www.viomundo .com.br/voce- escreve/altamiro -borges-roberto- freire-vira- aspone-de- kassab/

PPS se alia ao PSDBAltamiro Borges: Roberto Freire vira aspone de Kassab


Até Ricardo Noblat, colunista do jornal O Globo, registrou o fato curioso no seu blog, replicando um artigo de José Dirceu intitulado Roberto Freire recebe jetons da prefeitura. Ele informa que o ''presidente nacional do PPS, que posa e gosta de se apresentar como paladino da moralidade no país, recebe jetons no valor de R$ 12 mil mensais da prefeitura de São Paulo pela participação em dois conselhos municipais - Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e SP-Turismo.. . O conselheiro assina atas de reuniões a que não comparece, com o agravante de que é integrante da turma do falso moralismo, da turma dos gigolôs da ética alheia''


A denúncia apareceu primeiro no Jornal da Tarde, no final de janeiro, num texto de Fábio Leite. Ele revelou que Roberto Freire é uma das 58 pessoas beneficiadas pela política de contratação de ''conselheiros' ', implantada em 2005 na gestão do José Serra, atual governador e o presidenciável preferido das elites. Reeleito, o demo Gilberto Kassab, pau-mandado do tucano, manteve o jetom do chefão do PPS. O texto do JT afirma que esta ''bondade administrativa' ' visa acolher aliados e engordar os salários dos secretários municipais. Apesar da gravidade da denúncia, que lembra o tal ''mensalão'', as emissoras de televisão e os jornalões não fizeram qualquer alarde, outra prova de que a mídia está totalmente engajada no retorno do bloco liberal-conservador ao poder.

A formalidade da fusão PPS-PSDB

O ex-deputado federal e atual presidente do PPS tem sido muito paparicado por tucanos e demos. Desde o final dos anos 80, quando da desintegração do bloco soviético, ele acelerou sua guinada à direita, convertendo- se num apologista do capitalismo. Após implodir o antigo ''partidão'', ele virou líder do governo neoliberal de FHC e um expoente do projeto de privatização e desmonte do Estado. No governo Lula, tornou-se um raivoso opositor, posando de vestal da ética. Chegou a defender o impeachment do presidente, acusando-o de estar metido no escândalo do mensalão - logo ele que, ironicamente, recebe jetons da prefeitura paulistana e reside em Pernambuco.

Essa conversão direitista desidratou o PPS, partido que Roberto Freire comanda como um velho coronel. Nas eleições de 2008, este agrupamento híbrido sofreu as maiores baixas, perdendo 188 prefeituras e milhares de vereadores.

Diante do baque, Freire passou a defender a extinção do PPS e o seu ingresso no PSDB, vestindo de vez a roupagem tucana. Em novembro passado, José Serra fez o convite formal para a adesão, num jantar em Brasília oferecido à cúpula ''socialista' '. Ficou acertado que os dois partidos deverão se fundir até o final do primeiro semestre deste ano. ''O PPS conversa há muito tempo com o PSDB. Precisamos montar um agrupamento político forte para a era pós-Lula'', relatou, na ocasião, o deputado Nelson Proença, seguidor de Freire.

Escândalo e indignação nas bases

Segundo Pedro Venceslau, num artigo para revista Fórum intitulado ''tucanos de bico vermelho'', a fusão não terá maior impacto no mundo político. ''Na prática, não passa de mera formalidade. Desde a eleição de Lula, os dois partidos mantêm relação para lá de carnal. Indignam-se juntos e assinam notas, manifestos e repúdios, em geral ao lado do DEM, sempre que surge um gancho contra o governo federal''. Mas, com base nas sondagens do jornalista, a fusão deverá produzir abalos no interior do PPS. Setores que ainda se identificam com a esquerda estão muito inquietos com a perda total de autonomia da legenda que ainda conserva o ''socialismo' ' no nome.

A ex-candidata à prefeita do partido, Sonia Francine, já havia sido cooptada por Gilberto Kassab para a subprefeitura da Cidade Tiradentes. Agora, é o próprio Roberto Freire que vira aspone do prefeito demo. Se a mídia fosse isenta, o escândalo seria devastador. Afinal, os 58 ''conselheiros' ' causam um rombo de R$ 4,17 milhões aos cofres públicos. Os jetons elevam, de forma ilegal, os salários de 15 secretários municipais e bancam aliados políticos que nem sequer moram em São Paulo. Diante destas maracutaias, será difícil manter o falso discurso da ética. Os militantes mais sadios do PPS devem, realmente, ficar indignados. Do contrário, jogarão o seu passado no lixo.


CESARE BATISTTI e o jogo da mídia


Rui Martins, em defesa de Cesare Battisti

O exercício do jornalismo envolve uma grande responsabilidade, principalmente quando se relaciona com o destino de pessoas. Escrever um artigo, que pode influir na decisão de um juiz e implicar na condenação de um homem à prisão perpétua, exige serenidade, cautela e principalmente provas.

Não se pode "cozinhar" textos de uma só fonte para lançar acusações, principalmente numa revista tida como de esquerda, quando o tema é pouco conhecido no Brasil e o artigo publicado poderá fazer lei e servir de referência.

É regra de Direito a presunção de inocência para qualquer cidadão. Embora haja abuso, geralmente por suspeitos abastados, esse princípio tem de ser respeitado, senão serão os pobres e os revoltados contra o establishment as principais vítimas da presunção de culpabilidade.

Refiro-me ao artigo Em pele de cordeiro, publicado em julho, na revista Carta Capital, sobre o italiano Cesare Battisti. Não conheço Battisti pessoalmente, mas tenho acompanhado sua dolorosa trajetória pelos jornais europeus. Não acredito que seja um anjo, nem que precise de minha compaixão, mas se trata de um ser humano e é, considerando-o como um homem e pai de família, punido com cerca de trinta anos de fugas e perseguições numa existência ao fio da navalha, que tenho defendido Cesare Battisti.

Na defesa da concessão do benefício de asilo político a Cesare Battisti tenho estado quase sozinho na imprensa brasileira, enquanto uns poucos do lado político, como o deputado Fernando Gabeira e o senador Eduardo Suplicy procuram evitar a extradição desse italiano, condenado à revelia à prisão perpétua na Itália.

Não conheço também pessoalmente meu colega jornalista autor do artigo na Carta Capital, mas seu texto é preconceituoso e tendencioso, usando o mesmo estilo e terminologia com que eram tratados os "subversivos brasileiros" na época da ditadura militar.

Ora, como o autor desse texto escreveu também um livro sobre jornalismo investigativo, não consigo entender porque tanta parcialidade contra o jovem operário filho e neto de comunistas, admirador de Marx e Pasolini, numa província italiana, naqueles nebulosos anos 60-70, em que tantos outros jovens, na Europa, como aqui no Brasil, pegaram de forma canhestra em armas, na ilusão de ser esse o caminho para reformas sociais.

Com a certeza de um promotor ávido de condenações, o autor não deixa margem a dúvidas para seus leitores e diz taxativo: "Cesare argumenta ser ativista político, mas não passa de um criminoso comum".

Esse texto, que me chegou as mãos com quase três meses de atraso, me lembra a mesma linguagem dos jornais baianos, cariocas ou paulistas sobre os "bandidos, ladrões, assassinos" seguidores de Lamarca e Marighela.

O texto é definitivo e taxativo, não deixa nada no condicional, como num jornal da PIG (termo tão bem criado pelo colega Paulo Henrique Amorim) da época da ditadura. E essa certeza do autor de estar contando para os brasileiros a verdade, acaba por corroborar um mentira, quando afirma ter sido Battisti e seu bando o responsável pelo tiro que tornou paraplégico o filho do joalheiro. Uma pesquisa mais "investigativa" pelo próprio Google teria mostrado ter sido um tiro do próprio joalheiro, numa tentativa de se defender.

Isso não justifica o injustificável, mas mostra haver erros no relato dos acontecimentos, mesmo porque, verdade ou não, Battisti nega ser o autor dos assassinatos que lhe foram imputados por um dos chefes do grupo armado, que se arrependeu, denunciou e foi libertado.

Para o autor do artigo na Carta Capital, pelo jeito o que vale são as informações da embaixada italiana preocupada com a concessão ou não da extradição a Cesare Battisti. Vale a alegria de Romano Prodi com a prisão de Battisti no Brasil, sem se preocupar com os interesses eleitorais de Prodi, com a cotação em baixa naquela época. E o autor critica a não extradição pela França de outros italianos, por terem se beneficiado da Doutrina de Mitterrand, favorável à concessão de anistia para uma centena de antigos militantes esquerdistas italianos, vivendo na França.

Ora, a Comissão Nacional de Refugiados afirma o asilo para Cesare Battisti, decisão importante para o STF, e o artigo publicado de maneira tendenciosa na Carta Capital, mostrando que infelizmente não existe mesmo imprensa de esquerda no Brasil, pode ter uma maléfica influência. Esperamos que a matéria imparcial e a entrevista com Battisti, publicadas em outra revista, Piauí, seja lida pelo relator.

Sem comentários: