segunda-feira, maio 11, 2009

Ministro Eros Grau e sua iniciativa (ou recusa)

achei boa a circulaçao de emails sobre a questao...estou postando

quem quiser envie material a ser postado no blog.
Armando.
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Amigos,O fato que noticio se trata de enorme polêmica potencial, que, se houver, será alimentada pelo FEBEAPÁ e pela burrice generalizada. Já antevejo o Merval Pereira dando pitaco em sua enfadonha (e mal escrita) coluna, ataques histéricos do Jabor falando do "aparelhamento petista da Administração", as nobres lideranças da oposição no Congresso arvorando-se em bastiões da moralidade para denunciar "mais um escândalo do governo Lula", enfim, todo esse bolodório a que estamos habituados. Hoje, na mala-direta do César Maia, uma "denúncia" foi feita ao Min. Eros Grau. Vejam só:

"MINISTRO EROS GRAU É 13! É PT! "CURIOSAMENTE SOMOS 13"! "JUNTOS SOMOS 13"!

O Ministro Eros Grau, do STF, renunciou semana passada à sua vaga de ministro no TSE. E deixou uma carta aos funcionários. Nitidamente a carta sinaliza para o número 13, o número do PT. Num ministro da Corte Suprema, que cuida de cada letra ao escrever, não pode ser coincidência. Na carta, ele afirma: "Curiosamente somos 13". E mais à frente reafirma: "Juntos somos 13". Leia a carta com atenção e avalie se um ministro da Corte Suprema pode insinuar simpatia partidária. Veja abaixo."De fato, a carta - anexa - parece insinuar simpatia ao PT. E daí? Trata-se claramente de correspondência íntima, enviada a amigos aos quais o Ministro se dirige pelo primeiro nome, o papel não tem timbre do TSE e é utilizada linguagem afetuosa e informal. A carta nem é assinada pelo "Ministro Eros Roberto Grau", mas, simplesmente, por "Eros Roberto Grau". Essa "denúncia" só teria validade caso, uma vez investido no cargo de juiz, devesse o cidadão perder os direitos políticos, a bem de pretensa neutralidade - o que seria sinal de vivermos num estado totalitário, por conta do quê um cidadão investido em função pública tornar-se-ia uma máquina sem desejos ou vontades a serviço da nação. Como o Ministro ainda está no pleno gozo dos direitos políticos, as simpatias partidárias que expressa em suas correspondências íntimas concretizam, somente, o legítimo exercício de sua liberdade de opinião e consciência. E digo mais: se alguém afrontou o ordenamento jurídico nacional, foi o próprio César Maia, violando a privacidade do Ministro ao expor em seu ex-blog correspondência pessoal enviada por ele a amigos, à qual certamente teve acesso por meios escusos.

Abraços,Gustavo

Perfeita defesa, Gustavo. Tinha acabado de ler esta notícia no blog do César Maia.
eu apenas acrescentaria o seguinte: em vez de

"por conta do quê um cidadão investido em função pública tornar-se-ia uma máquina sem desejos ou vontades a serviço da nação."

eu diria:

por conta do quê um cidadão investido em função pública tornar-se-ia uma máquina sem desejos ou vontades a serviço de uma nação autoritariamente forjada.

grande abraçoo,
Léo

quarta-feira, abril 15, 2009

Próxima Reunião

Aos interessados: próxima reunião do Núcleo Milton Santos será quinta-feira, 16 de abril de 2009, 15:00hs, na área das ´Araras´, na PUC-Rio.

A pauta: eleição de coordenadores e calendário do ano.

att,
Leonardo

sexta-feira, abril 10, 2009

Carta ao Núcleo do PT Puc

Aos Senhores Glaucio, Leonardo,Anderson,Robson,Paulo, Vitorio,Gustavo.

Companheiros acima de tudo,


Em virtude do recebimento de emails que tratam da reativação do núcleo do PT na Puc,e em face meu desvinculo já com espaço de tempo, mas alegre por saber do interesse por uma volta de atividades do mesmo,deixo convites aos Senhores acima ,aqui representados pelos emails dispostos e designados,o convite para serem também colaboradores do blog do PT PUC Nucleo Milton Santos.Conheço a todos , a excessão do Glaucio, mas creio na competencia e responsabilidade de todos para fazerem um bom uso bem como manterem no a salvo de qualquer atrelamento a quaisquer uma das tendencias, pois o Nucleo tinha isto em sua proposta e carta de fundação:Tergiversar não,meramente assentir jamais, dialogar ,sempre,desde que sob um ideário coerente com as linhas socialistas de viéses democratico.

O mesmo blog se encontra em pouco uso face tarefas particulares de ocupaçao de quem vós fala, e opostamente a outros que tenho em paralelo que abordam outros assuntos ou o núcleo a minha região pertinente,refiro-me ao Nucleo São Pedro.Todavia , o mais é em virtude de atividades desenvolvidas a parte do referido Nucleo Puc, senão a atividades afins ao meu espaço de convivio e habitus .

A quem não sabe,sou um dos membros fundadores do referido Núcleo .So faço menção a isto em razão dos que não me reconhecerem ou não conhecerem simplesmente em razão da renovação a que tenho observado e que se faz necessária.Sinceramente ,como um pai a um filho, e tendo colaborado em modesta parte para a existencia do mesmo nucleo durante o tempo no qual tive meus vinculos, espero que este cresça e sustenha se por proprias mãos e caminhe , sem extinguir-se. Tal email tambem não o é em aberto ao núcleo,digo, o convite, por razoes claras de total descredito e aversão ideologica a alguns integrantes e quanto as suas participaçoes ,habitus e formas de atuação ,sejam estes de castas mais abastadas da populaçãoou não, e seus metodos de cooptação.

Quanto ao Partido mudou e muito ,mas há avanços, desgastes em paralelo, e não menos,boas conquistas e por isto assim o enxergo como espaço transformador ,mas também teso a alguns muitos vicios e a corpos burocratizantes, centralizadores e que rompem com toda a ideia da politica advinda da base.Entristece me por vezes a falta de funcionalismo até quanto as inumeras alianças feitas e por assim o silencio a inumeras politicas implantadas da capital carioca aos glotões do pais .Alias, nisto o PT peca:ele se distancia da base.As vezes se manifesta com veemencia quanto a assuntos internacionais,e se cala a questões de nosso convivio e pela qual urge ou sucumbe nossa populaçao mais carente. O Partido, uma vez mais em meu estrito olhar suburbano,não dialoga senao até prima pelas politicas publicas, necessarias,mas que não necessariamente imbuem população e a classe média para a formaçao de opinião critica frente aos meios de midia e a propaganda de oposição. O PT não esta lutando para reacreditarem na politica,deixa um vacuo quanto a isto.E muitos dos dirigentes parecem perder tato do sindicalismo, e sua razão de origem,e atem se apenas aos seus defeitos , cujo centralismo e inoperancia por quanto a formação de maquinas internas para disputa de espaço, não dialogam.E não obstante ,surgem ou se mantém figuras e questões que embotam nossos sonhos e tão quanto na sociedade repetem-se os sistemas de exclusão ,hierarquizaçao ,tudo em razão de interesses e maior ou menor vantagem politica a que um ou outro individuo possa proporcionar nos momentos convenientes.

Uma vez mais,ao companheiro Robson, Léo e demais que fiz o convite, seria de vital importancia que tomassem vossas partes aqui neste espaço do blog.
Abraços.


Att
Armando Aguiar

Saudações Petistas. Meu PT é 13.Sem vender-se ,jamais.
Em 10 de Abril de 2009

Demóstenes x Idely. As cotas do engodo

***Artigo polemico, postei apenas para saber de possiveis comentarios. O meu em resumo é:cotas:sim, sim ,sim.Nada desclassifica sua necessidade.


O PLC 180/2008 - Projeto que trata da adoção de cotas nas Universidades e Escolas Técnicas Federais, em vias de ser votado e, muito provavelmente, rejeitado pelo Senado, é o exemplo de como se pode pegar uma boa idéia e, por má-vontade de uns, despreparo, açodamento e esperteza de outros, torná-la inócua, inútil e ainda servir de anti-propaganda da própria causa que se defende.
Vamos primeiro identificar os personagens envolvidos para que se possa entender do que se trata. Tramitava na Câmara, desde 1999, o PL 73/99, de autoria da deputada Nice Lobão (DEM-MA), que propunha simplesmente o seguinte: a reserva de 50% das vagas para estudantes oriundos da escola pública e dentro dessa cota uma reserva de vagas para negros e indígenas, proporcional a presença de cada um desses segmentos em cada Estado da Federação.

Todos os que acompanharam o debate, não movidos pelos holofotes da mídia, apoiavam o Projeto, entendendo que, finalmente, tinha-se à mesa uma proposta que tratava da questão das ações afirmativas, contemplando negros e indígenas e brancos pobres, sem trazer para o debate a questão das cotas, como princípio ideológico, como alguns grupos equivocadamente insistem em fazer.

Há quem ainda não tenha se dado conta de que a ideologização do tema cotas, é tudo que as elites defensoras do mito da democracia racial querem, para levantar fantasmas e dilemas inexistentes, com o único fim de deixar tudo como está e ainda nos lançar a pecha de defensores de privilégios.

Parece ainda não terem entendido, ou não quererem entender, o fato de que, Ações Afirmativas são gênero – cotas espécie. Se a bandeira de Ações Afirmativas, que é o centro, perde conteúdo e substância quando transformada em demarcador de campo ideológico entre negros e não negros, imagine-se o que acontece quando faz-se o mesmo com as cotas. Vira um “nós contra eles”.

E, por incrível que pareça, é tudo o que o Frei David – e os que transformaram as cotas em questão ideológica e de princípios – fazem, para deleite da tropa de choque anti-cotista liderada pela antropóloga Yvonne Maggie, pelo poderoso diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, e pelo geógrafo Demétrio Magnolli, da USP, aos quais acaba de se juntar o senador goiano Demóstenes Torres, do DEM.

A postura desse time é a mesma dos donos da Casa Grande, com variações aqui e ali no discurso para acrescentar algum verniz de modernidade, de progressismo, já que o discurso da elite conservadora do século XIX não fica nem bem na pós-modernidade.

Aí entram na história a bancada do PT no Senado e na Câmara, por intermédio do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), então na Presidência, o Frei David Raimundo dos Santos, a bancada tucana, por meio do ex-ministro da Educação Paulo Renato, e é negociado um acordo que resultou no PLC 180/2008, ora em tramitação no Senado.

Na prática, o tal acordo, por meio do qual a bancada tucana aceitou aprovar o projeto na Câmara desde que fosse aceita uma emenda que introduzia o critério sócio-econômico reservando 25% das vagas para estudantes do ensino médio oriundos de famílias com 1,5 salários mínimos, transformou o projeto em um "frankstein" de difícil digestão até mesmo por quem o defende, além de ter a desvantagem de introduzir no debate o fator racial como princípio ideológico imutável, do qual parlamentares, inclusive da esquerda, fogem como o diabo da cruz. O resultado é o que já antecipamos e o ministro Fernando Haddad confirmou: o projeto como está é caso perdido.

Na mobilização em favor da aprovação do "frankstein" movimentou-se com a desenvoltura de sempre, Frei David, estimulado pela bancada petista e pelas senadoras Idely Salvatti (PT-SC) e Serys Slhessarenko (PT-MT). Caravanas foram levadas à Brasília para percorrer gabinetes.

Curiosamente, quando em 2.007, o Fórum SP da Igualdade Racial – uma frente ampla de vários setores da sociedade – esteve em Brasília para levar as 100 mil assinaturas pedindo aos parlamentares a pautação do projeto e ouviram “o cala boca” de Chinaglia, Frei David não deu o ar da graça. À frente da mobilização, estava sim, a Educafro, mas sob o comando lúcido de outra liderança - o Frei Antonio Leandro da Silva - que coordenou com sabedoria e serenidade a mobilização à Capital Federal.

Por que a ausência de antes e o açodamento posterior para defender um projeto que desfigura originalmente o PL 73/99, e que pretendia ver aprovado no encerramento da legislatura passada? A resposta é simples: o "frankstein" é de interesse da bancada governista na Câmara e tem apoio dela no Senado; enquanto o PL 73/99 não tem apoio da bancada governista porque foi proposto por uma deputada do DEM do Maranhão.

Essa é a razão, e aqui começam os problemas: a partidarização de bandeiras que não são de nenhum partido, mas que, de forma oportunista, são seqüestradas por grupos e lobbies com outros objetivos e interesses. Foi o caso: a motivação para a “negociação” na Câmara foi a intenção dos nobres deputados de fazer “um agrado” aos negros, marcando o Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de Novembro passado. O resultado, como se vê, é sempre desastroso para os maiores interessados.

Qual é o problema do PLC 180/008, além de ser fruto de uma manobra malandra e oportunista? Todos. A começar, que como está é inócuo e inútil, além de inaplicável. Por que? Por uma razão simples: o Projeto prevê a cota de 50% das vagas para alunos do ensino médio oriundos da escola pública, dos quais a metade, 25% deve ser reservada estudantes de famílias com renda de até 1,5 salário mínimo per capita; os outros 25% ficam reservados a negros e indígenas proporcionalmente a presença desses segmentos em cada Estado da Federação.

O problema aqui é de duas ordens, a primeira de ordem matemática: a soma não pode ultrapassar os 100% que é o total de vagas. Na matemática dos defensores do "frankstein" , entretanto, isso é possível e daí que, assim como já se soube de iniciativas de projetos de lei em cidades nos grotões do Brasil, em que seus autores pretenderam revogar a Lei da Gravidade, os parlamentares – deputados federais, em plena Brasília -, agora pretendem revogar princípios matemáticos elementares que aprendemos no ensino fundamental e que fazem parte das quatro operações – no caso, a de somar.

Como assim? Fácil entender. No Brasil, só existem dois Estados em que a população negra (preta e parda) e indígena é inferior a 25%: Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com um detalhe, em ambos, as Universidades Federais, por iniciativa de seus Conselhos Universitários já adotaram cotas para negros e indígenas, sem esperar a lerdeza do Estado.

Em todos os demais 24 Estados da Federação e mais no Distrito Federal, o percentual de negros é sempre superior a 25%. Uma vez aprovado como está, portanto, o "frankstein" criará uma outra ordem de problemas: se como está, ele introduz o veneno da segregação entre estudantes oriundos da escola pública, uma vez que cria um critério sócio econômico de 1,5% salário mínimo - dividindo negros e brancos e negros e negros -, aprovado, acrescentará outro dilema: como escolher os 25% de negros em Estados em que a presença negra é superior a 78,8% como na Bahia, por exemplo.

Ou, em S. Paulo, onde somos 30,9%, como serão escolhidos os 25% que terão acesso a USP? Por isso, está muito certo o ministro Fernando Haddad, quando disse na semana passada.

De qualquer modo, aconteça o que acontecer em abril, quando o "frankstein" será votado – e muito provavelmente, como está, rejeitado – terá tido pelo menos uma utilidade: será pedagógico para quem ainda tinha dúvidas de que o desastre é certo quando se juntam esperteza, despreparo e oportunismo na defesa de causas nobres.

Esta Afropress, desde o primeiro momento – e mesmo diante do silêncio cúmplice de alguns, que fiéis aos seus lobbies, se calam para preservá-los – reafirma o apoio ao PL 73/99, nos termos em que foi apresentado. O Senado deve rejeitar esse "frankstein" , recuperar os termos da proposta original, que garante 50% das vagas para alunos oriundos da escola pública, e uma cota para negros e indígenas, proporcional a participação desses segmentos em cada Estado e devolvê-lo a Câmara para que seja votado e aprovado.

Nunca é demais lembrar, contudo, que todo esse engodo estaria escancarado, se a mídia explicitasse os interesses em jogo e os oportunismos de plantão. Não o faz por uma única razão: ignorância. Quem conhece os bastidores de Brasília e as Redações dos jornais sabe que, 70% dos jornalistas que cobrem o Congresso, simplesmente ignoram o tema, uma vez que o mesmo ocupa espaço marginal na agenda dos Governos, quando ocupa; os outros 30% podem até ter alguma noção, mas – como nunca tiveram que enfrentar a barreira da cor para fazerem suas carreiras – não tem maior interesse no assunto.

Moral da estória: quando as saídas propostas são Demóstenes e Idely, não há saídas.



São Paulo, 31/3/2009

Dojival Vieira
Jornalista Responsável
Registro MtB: 12.884 - Proc. DRT 37.685/81
Email: dojivalvieira@ hotmail.com; abcsemracismo@ hotmail.com

Reunião do PT Puc 16 Abril 2009

Companheiras e companheiros,

Informo a todos que na próxima quinta-feira, dia 16 de abril de 2009, às 15:00hs, realizar-se-á a próxima reunião do Núcleo Milton Santos. A reunião terá a eleição de escolha da próxima coordenação para a continuação das atividades do núcleo. O local será no anfiteatro, no bosque da PUC-Rio. É fundamental a presença dos membros do núcleo. Em virtude disso, chapas que desejam candidatar-se compareçam e, de preferência, informem os membros pelo grupo de e-mails, antes da reunião.

att,

Glaucio Monteiro de Araujo Junior

Unidade do PT para vencer em 2010.

Petistas de todo o país voltam às urnas em novembro deste ano para, mais uma vez, renovar democraticamente as direções municipais, estaduais e nacional do nosso partido. Sabemos que, além das tarefas relativas ao dia-a-dia da política, os dirigentes eleitos no PED 2009 terão a responsabilidade adicional de conduzir o processo sucessório de 2010 - atuando em todos os níveis para que o projeto de mudanças iniciado no governo Lula não sofra retrocessos.

É uma luta que envolverá a todos. À futura direção nacional, caberá dar o norte para a atuação de militância e demais instâncias partidárias, o que passa necessariamente pela construção da unidade interna e pela articulação de um amplo leque de alianças com forças sociais e políticas - sobretudo aquelas que têm se apresentado como parceiras do nosso projeto.

Também devemos estar preparados para a grande disputa que se dará em torno de duas visões de país radicalmente opostas. De um lado, estarão os que defendem a continuidade das conquistas obtidas no governo Lula, entre elas a promoção do crescimento com distribuição de renda; o combate às desigualdades sociais; o fortalecimento do Estado brasileiro; a inserção soberana no mundo; a garantia de direitos fundamentais; e a participação popular na elaboração de políticas públicas. De outro, os que representam uma volta ao passado das privatizações, da dilapidação do patrimônio público, do sucateamento do Estado, da falta de regulamentação da economia, da subserviência internacional e do ataque a direitos e movimentos sociais.

A disputa que travaremos no Brasil tem importância decisiva para o futuro do país e da esquerda em todo o planeta, em especial na América Latina.

Quem estiver à frente da histórica tarefa de presidir o PT em 2010 deve promover a coesão interna, costurar alianças nacionais e regionais e levar o embate eleitoral para o terreno ideológico. Para nós, o nome que reúne as melhores condições para desempenhar esse papel é o do companheiro Gilberto Carvalho.

Militante surgido das bases da igreja progressista, Gilberto tem uma longa história ligada à esquerda e ao PT. Dirigiu o Instituto Cajamar de formação política, foi Secretário-Geral do partido e, desde 2003, tem comandado com dedicação e eficiência a Chefia-de-Gabinete da Presidência da República. De perfil unificador e conciliador, Gilberto possui um inabalável compromisso com as causas sociais e sempre teve atuação exemplar como militante e dirigente partidário.

Por essas razões, nós, abaixo-assinados, pedimos ao companheiro Gilberto Carvalho que represente, nesse processo, todo o sentimento de unidade e coesão construídos nesta gestão, apresentando sua candidatura para a Presidência Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Ricardo Berzoini

quarta-feira, março 04, 2009

O Jogo da Mídia contra o MST

*Para maiores informações acessem a coletanea de artigos no site do MST .E no blog VidasMarranas há outro material tratando da mesma questão.
Terra , Trabalho e Liberdade!

Nos últimos dias, a imprensa vem veiculando uma série de matérias sobre o MST, que expressam uma ofensiva das forças de direita. Por isso, entrevistamos o membro da direção nacional João Paulo Rodrigues, para explicar a posição do Movimento sobre os principais temas expostos.

A que se deve a reação do ministro Gilmar Mendes?

O Ministro Gilmar Mendes foi transformado no mais novo líder da direita brasileira, desde sua posse como presidente do Supremo Tribunal Federal. E ele está se comportando assim, honrando seu novo papel. É ágil para defender o patrimônio, mas lento para defender vidas. Ataca os povos indígenas, os quilombolas, os direitos dos trabalhadores, os operários e defende os militares da ditadura militar. Enfim, agora a direita brasileira tem seu Berlusconi tupiniquin. E ele opina sobre tudo e sobre todos. Aliás, ele está devendo para a opinião pública brasileira uma explicação sobre a rapidez como soltou o banqueiro corrupto Daniel Dantas, que financia muitas campanhas eleitorais e alicia grande parte da mídia.

Mais grave, a revista Carta Capital denunciou que o Instituto Brasiliense de Direito Público, vinculado ao Mendes, recebeu 2,4 milhões de recursos públicos, inclusive do STF, do Tribunal Superior Eleitoral e até do Ministério da Defesa, dirigido por seu amigo Nelson Jobim. Como líder da direita, Mendes procura defender os interesses da burguesia brasileira e fazer intenso ataque ideológico à esquerda e aos movimentos sociais, para pavimentar uma retomada eleitoral da direita em 2010. Serra não precisa se preocupar, já tem um cabo eleitoral poderoso no STF.

O que aconteceu em Pernambuco?

O conflito no Pernambuco é uma tragédia anunciada. As 100 famílias estão acampadas há oito anos. Duas áreas estão em disputa. Os fazendeiros usaram de todas as artimanhas judiciais para impedir a desapropriação de suas áreas não utilizadas, que servem apenas de especulação imobiliária. As famílias trabalham e plantam na área, tiram dela seu sustento. Sofreram mais de 20 despejos. Na semana passada, depois de mais um despejo pela Polícia Militar, o fazendeiro contratou pistoleiros que foram no acampamento fazer provocações, armados. Perseguiram e espancaram um dos líderes do acampamento.

Nesse clima de tensão e ameaças permanentes às famílias acampadas, alguns acabaram reagindo e no conflito houve a morte de quatro pistoleiros. O MST repudia a violência. No Brasil há muitos outros acampamentos, em igual situação de tensão e conflito. Até quando vão esperar para realizar a Reforma Agrária?

O que aconteceu no Pontal?

Na região do Pontal do Paranapanema, no estado de São Paulo, há um passivo de conflito agrário pendente há quatro décadas. Existem por lá mais de 400 mil hectares de terras públicas estaduais, com sentenças judiciais reconhecendo que são públicas. Portanto, os fazendeiros ocupantes são grileiros. E precisam sair das terras, pelas quais receberiam a indenização pelas benfeitorias. Desde o governo Mario Covas, o processo de discriminação e indenização dos fazendeiros- grileiros está parado. Com isso o problema só se agrava. Agora, na semana do carnaval, os quatro movimentos de sem terra que atuam na região realizaram ocupações de protesto em diversas fazendas.

A repercussão foi imediata. Por duas razões: primeiro porque os fazendeiros possuem muitas ligações políticas na capital. Um deles inclusive era sócio do Fernando Henrique na fazenda de Buritis. Outro tem vínculos com a rede Bandeirantes, e por aí vai. E o segundo motivo é que José Rainha, que não faz parte de nenhuma instância de decisão política do MST, anunciou que as ocupações do seu movimento eram em protesto ao governador José Serra. Pronto. O tema se transformou em disputa eleitoral. As repercussões do Pontal revelam que até outubro de 2010, viveremos essa novela, da imprensa e seus partidos transformaram as disputas de terra do Pontal em tema eleitoral.

Entidades do meio rural são acusadas de desviar recursos para ocupações. Isso procede?

O MST nunca usou nenhum centavo de dinheiro público para realizar ocupações de terra. Por uma questão de princípio, as próprias famílias que participam das ocupações dos latifúndios, devem assegurar os recursos necessários para a essa ação política. É aqui que reside a força do MST e é um elemento educativo para as famílias que fazem a luta pela reforma agrária.

Acontece que desde o governo Fernando Henrique Cardoso, o Estado brasileiro, dilapidado pela onda neoliberal, deixou de cumprir suas funções relativas ao setor público agrícola. O Estado não garante mais educação no meio rural, alfabetização, assistência técnica, saúde. Então, foi no governo FHC que eles estimularam o surgimento de ONGs, entidades sem fins lucrativos, para substituir as funções do Estado. E passaram recursos para essas entidades.

Vale lembrar que a ONG Alfabetização Solidária, da dona Ruth Cardoso, recebeu mais de R$ 330 milhões de dinheiro público para a alfabetização de adultos.

Surgiram então em áreas de assentamento diversas entidades - algumas ligadas aos assentados, outras não - para suprir as funções do Estado, realizando atividades de assistência técnica, de atendimento de saúde, de alfabetização. E recebem recursos do Estado para isso. Estranhamos que a imprensa cite apenas as entidades que apóiam a reforma agrária e são ligadas aos assentados, e omitem os milhões de reais repassados para ONGs ligadas ao PSDB, à Força sindical, aos ruralistas. Somente o SENAR (Serviço Nacional de Assistência Rural) recebe milhões de reais, todos os anos. Sendo que há processos no TCU de desvio de federações patronais em proveito pessoal de seus dirigentes.

O que aconteceu com as escolas itinerantes no Rio Grande do Sul?

Durante o governo Antonio Britto (PMDB-PPS) foi assegurado o direito das crianças de ensino primário estudarem no próprio acampamento. O estado colocava professores da rede pública e as aulas eram dadas em salas organizadas no acampamento. E quando o acampamento mudasse de local ou as famílias fossem assentadas, a escola ia junto, assegurando a continuidade do ensino àquelas crianças. Essa experiência exitosa recebeu prêmios e foi adotada por outros estados, como o do Paraná.

Após a eleição do governo tucano de Yeda Crusius, se formou uma conjuntura política de ofensiva da direita na imprensa, no Ministério Publico Estadual e na Brigada Militar. Eufóricos com a vitória eleitoral, passaram a criminalizar, perseguir e reprimir os movimentos sociais, seja os professores, metalúrgicos, desempregados ou o MST. Nesse contexto, a atual governadora e o Ministério Público atuaram para suspender as aulas nos acampamentos e levar as crianças para os colégios da cidade. Ou seja, não hesitaram em prejudicar as crianças para atingir politicamente o MST.

Por outro lado, o governo Yeda Crusius já fechou outras 8.500 turmas em todos os municípios do estado, a maioria no meio rural, apenas para poupar recursos, e assegurar o famigerado déficit zero As prefeituras dos municípios aonde existem acampamentos já disseram que é impossível levar as crianças para a cidade. São Gabriel, por exemplo, teria que gastar R$ 40 mil mensais. Enquanto atualmente o estado gasta R$ 16 mil para atender os oito acampamentos em todo estado. Felizmente, as escolas foram autorizadas pelo Conselho Estadual de Educação, que é o órgão que autoriza e fiscaliza o funcionamento das escolas e aprova seu currículo.

Partido dos Trabalhadores 13! O MEU PT é 13 ,SEMPRE!


A velha máquina


Há pouco tempo, qualquer forma de estatismo era demonizada no pretenso universo privado dos ideais neoliberais. Visto como atrasada e incapaz de dar conta da modernidade, a nebulosa estatal era compreendida como um resto da influência do comunismo no mundo ocidental.

Se, por um lado, os interesses políticos são sólidos como rochas, o discurso político é volúvel, adaptando-se a cada circunstância. Em uma visão ingênua, ninguém mente, a retórica não existe e o que se diz é o que se deseja. A manipulação é uma ficção e tudo que se vê, revela, automaticamente, os interesses intestinos subjacentes. O mundo não precisa ser interpretado. Não existem segredos bem guardados e basta seguir a opinião comum socialmente compartilhada e co-validada, a cada momento, pelas mídias.

Em um exemplo, há pouco tempo, qualquer forma de estatismo era demonizada, no pretenso universo privado dos ideais neoliberais. Visto como atrasada e incapaz de dar conta da modernidade, a nebulosa estatal era compreendida como um resto da influência do comunismo no mundo ocidental. O Estado deveria se desocupar da economia, da educação e da saúde. Ainda bem, que pelo menos por aqui, essas idéias jamais foram integrais, consensuais e o desmonte não se completou, apesar de causar danos significativos. Imagine-se se não se pudesse contar com o Estado para diminuir os efeitos da atual crise.

A onda privatista das empresas governamentais e de parte dos serviços públicos foi suavizada, bem antes da atual crise econômica internacional. Acidentes de percurso, tais como o da crise argentina (2002), acenderam a luz vermelha. A privatização manteve-se como crença e prática limitada. Alguns dos seus mitos permaneceram de pé. No Brasil, um deles é o da independência do Banco Central. Vamos com calma! Independência de quem? Jamais se viu este Banco, construído com a mais-valia dos trabalhadores, desenvolver qualquer política que interessasse à maioria. O conceito de democracia dos banqueiros, rentistas e de seus prepostos estatais não inclui as demais pessoas e interesses. Eles esperam que a política de Estado sirva aos seus interesses e de mais ninguém.

Por isto, diferentemente de antes, agora, fortalecer o Estado, desde que ele sirva para manter os interesses de sempre, tornou-se algo emergencial aqui e pelo mundo afora. Antes era umpecado. No momento, os países centrais dão o maior exemplo. Ninguém imaginava ver governos estatizando bancos e, novamente, intervindo fortemente nas economias. O caso argentino da corajosa nacionalização da previdência privada é espantoso. Pelo menos, por lá, os contribuintes não ficarão sem suas cotas.

A história do Estado nacional brasileiro, como de muitos outros países, não é necessariamente motivo de júbilo. Ele nasceu como representante dos senhores de escravos, lutando para afirmar o nacionalismo escravista anti-britânico que inspirou sua constituição, ao longo do século XIX. Seu ápice e sua crise ocorreram no governo de Pedro II, deposto quando resolveu abolir a escravatura.

Na fase denominada República Velha (1889-1930), o Estado foi, sobretudo, um comitê dos negócios da exportação de produtos ainda coloniais, principalmente, do café. Serviu, também, para tentar disciplinar a modernização conservadora da sociedade. Esta conviveu com algumas rebeliões rurais - a mais importante foi Canudos - e com a emergência do movimento operário urbano, que jamais aceitou as terríveis condições de vida do proletariado local. De país dos escravos do passado, o Brasil passou a ser o refúgio de imigrantes pobres, que vieram substituir o tráfico, desde de antes do fim da monarquia (1889) e que trouxeram para o país as angústias e felicidades do movimento operário europeu. Este encontrou terreno relativamente fértil, no pós-Abolição.

A idéia de que a questão social era um caso de polícia substantivou a existência de um Estado paradoxal, republicano-aristocrático. Este era liberal no discurso, profundamente autoritário e emulador de uma perspectiva europeizante. Fingia-se que o Brasil era um país de brancos, jogando para debaixo do tapete os negros, os índios e seus descendentes. Ao mesmo tempo, não se aceitava a tendência política dos imigrantes, sobretudo dos italianos e espanhóis que trouxeram para o Brasil o anarquismo, o socialismo e o comunismo. O Estado continuava a ser senhorial e vinculado à propriedade da terra. A diferença é que o poder central tinha que negociar mais com os poderes regionais, mantendo-se a supremacia do triângulo de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

O paradoxo da República Velha foi modificado na Era Vargas, que se estendeu de 1930 a 1964, com inúmeras inflexões, golpes de Estado e diferenças. Tudo começou com o golpe 1930 que recentralizou o país, como na época da monarquia. Vargas governou durante quinze anos ininterruptos, período onde refundou o Estado brasileiro e deu as bases para o desenvolvimento capitalista do país. Sua ditadura pessoal não fez desaparecer por completo as origens anteriores do Estado nacional brasileiro. Ao contrário, houve uma depuração, no interesse de manter a velha ordem, só que com mais habilidade política.

Nos anos posteriores a sua queda, em 1945, ele voltará à política, agora na condição de presidente eleito e líder nacionalista. Seu suicídio, em 1954, ajudou a refixar sua imagem, que se confundiu com a do próprio Estado, deixando marcas que chegam aos dias de hoje. De Vargas para cá, o Estado nacional brasileiro foi se constituindo em uma nebulosa que inclui interesses e contradições. Vargas ensinou gerações a se comportar de modo híbrido e camaleônico, adaptando-se a cada situação. Sua morte violenta atrasou o golpe que iria modificar a natureza do Estado, sem negar por completo suas origens.

O que hoje sabemos é que o desenvolvimento econômico brasileiro foi obra do trabalho dos brasileiros. Conseguiu frutificar, quando o Estado apropriou-se do mesmo. Em mãos privadas, as riquezas foram dissipadas e quase nada restou para as gerações que se sucederam. Mesmo com as elevadas taxas da corrupção oficial, o Estado ainda conseguiu acumular.

Não foi a ditadura militar (1964-1985) que levou mais longe o processo de modernização econômica do país. O estilo fascista de governar, nesta época, impediu que o desenvolvimento tivesse trazido progresso para as massas, que poderiam ter enriquecido, na época das vacas gordas, e se preparado melhor para as crises que viriam a seguir.

De certo modo, o sofrimento dos que se opuseram às ditaduras brasileiras marcou para sempre a história do Brasil. Sem artifícios retóricos, não se pode lembrar de Vargas sem a censura, a tortura e as prisões do Estado Novo. Não dá, igualmente, para esquecer os imensos sofrimentos impostos aos brasileiros no período militar que se encerrou em 1985, deixando cicatrizes e dívidas, ainda em aberto. As riquezas produzidas nestas épocas foram manchadas pelo sangue, bem como, pela exploração dos trabalhadores. Com estes fatos, a nebulosa do Estado nacional brasileiro ganhou novos contornos.

Nas últimas duas décadas, tudo ficou ainda mais complexo. Por um lado, o Estado incorporou as lutas dos trabalhadores e se reconstruiu de modo democrático-formal. Por outro, ele continua trazendo em seus contornos a herança de seu passado, escravista, elitista, conservador e fascista. Seus aparelhos ideológicos e burocrático-repressivos carregam sua história, para o bem e para o mal. Suas estruturas econômicas, ainda são bem fortes, apesar do abalo privatista e neoliberal, continuam a sustentá-lo.

Na materialidade do universo, as nebulosas são nuvens de poeira estelar. Podem ser brilhantes ou escuras, refletindo ou não a luminosidade do universo. São portadoras do passado e do presente do mesmo. A nebulosa do Estado nacional brasileiro não é um corpo estelar. É algo construído pelos homens e mulheres, ao longo de suas histórias. Por isso, estão em seus alcances o poder de modificá-la, mesmo que isto não seja fácil. Mais difícil ainda, talvez seja retirar da mesma, os restos de poeira morta, ultrapassada pelo tempo, que cisma em continuar presente na velha máquina.

DAS ELEIÇÕES EM 2008 A 2009 - AS ALTERNATIVAS DA ESQUERDA SOCIALISTA NO BRASIL

As eleições municipais de 2008 , apesar de absolutamente despolitizadas, acabaram por armar o cenário em que se dará a batalha eleitoral de 2010. Se a esquerda socialista não aprender com os resultados de 2008, vai continuar assistindo o jogo institucional de fora do campo, pela televisão, uma briga de cachorro grande entre dois projetos, cada vez mais parecidos, ambos se apresentando como a melhor alternativa para destravar e alavancar o capitalismo: o campo majoritário do PT e o PSDB. O centro do debate serão números macro-econômicos, ou seja, a comparação entre os governos FHC e Lula do ponto de vista do "risco Brasil", do preço do dólar, da balança comercial, das reservas internacionais, de quem criou mais (e piores) empregos e captou mais investimentos estrangeiros. Para usar uma expressão dos comentaristas econômicos burgueses, "quem fez melhor o dever de casa", leia-se, quem mais favoreceu o capital, que continua, no governo Lula, a aumentar sua participação na riqueza nacional, em detrimento do trabalho.

E o pior é que, se a esquerda socialista e os movimentos populares não criarem uma alternativa, quem vai decidir o jogo será o PMDB, o partido que sai mais fortalecido dessas eleições e que já começa a falar grosso, querendo as Presidências do Senado e da Câmara, ameaçando candidatura própria em 2010, para negociar mais espaço de poder, além dos seis ministérios que já ocupa. E é bom lembrar que o PMDB só tem compromisso com Lula até 2010 e assim mesmo se o partido continuar confortável em seu governo.

Aliás, esse jogo pode ser resolvido antes de começar o primeiro tempo. Alguns fatores podem levar a um consenso burguês que imponha, em 2010, uma solução de "união nacional", em torno de alguém como Aécio Neves, que se apresenta "acima das classes e dos partidos", reencarnando seu avô, Tancredo Neves, a julgar pela experiência piloto vitoriosa em Belo Horizonte, onde um governo de "coabitação" PT/PSDB, na barriga de aluguel da legenda do PSB. Se este governo for um sucesso ate 2009 , a burguesia pode forçar a edição nacional dessa experiência. Afinal, os dois partidos fizeram aliança em mais de 1.000 municípios nestas eleições.

O fator com mais potencial para pressionar uma solução desse tipo é a imprevisível crise mundial do capitalismo, que já "atravessou o Atlântico" e começa a trazer turbulências para a economia brasileira. O agravamento da crise e o risco de Lula ficar refém do PMDB podem levar o governo federal para posições mais conservadoras.

Até porque a força do PMDB fica maior ainda, quando se verifica que a disputa pelo segundo lugar, nestas eleições, entre PT x PSDB, não teve vencedor. Não havendo uma segunda força incontestável, a primeira paira acima das duas. Ambos saem destas eleições mais ou menos do mesmo tamanho, em número de prefeitos e vereadores. Serra teve uma vitória em São Paulo, mas com um andidato "terceirizado" , filiado ao DEM, partido derrotado nacionalmente, condenado a sublegenda do PSDB, que consolidou sua hegemonia na oposição de direita, que inclui (quem diria!) o PPS.

O PT ficou do mesmo tamanho, mas perdeu qualidade, saindo das capitais mais importantes para a periferia. Perdeu três segundos turnos em capitais para o PMDB. Não se pode dizer que Lula foi derrotado nestas eleições, mas saiu com menos peso político. A falácia da transferência de votos se esfarelou, praticamente tirando do páreo a candidata a "poste", Dilma Roussef, gerente principal do "choque de capitalismo" . Outro potencial candidato da base do governo, o indefectível Cyro Gomes, pilotou um terceiro lugar na campanha em Fortaleza, que considerava seu quintal. E como deu trabalho para Lula eleger Luiz Marinho, em São Bernardo, onde o Presidente mora, vota e tem seu berço político: foram necessários dois turnos e a campanha mais cara de todo o país, na relação custo/eleitor! A situação do PT em 2010 pode não ser confortável. Pela primeira vez, Lula não será candidato a Presidente e até agora não apareceu o "candidato natural" do Partido.

Diante deste quadro, deve saltar aos olhos de quem se considera de esquerda a necessidade de se tentar criar uma alternativa à bipolaridade conservadora ou ao consenso burguês. A primeira coisa é abandonar a ilusão de uma candidatura "de esquerda" do PT à sucessão de Lula (que nem é "de esquerda"), até porque qualquer candidatura do PT só terá alguma possibilidade se aprovada pelo PMDB. Aliás, pode acontecer de o PMDB oferecer a Vice ao PT em 2010, pois, com a crise econômica, a tendência é que Lula, na ocasião, já não desfrute mais do atual índice de popularidade.

A segunda questão é reconhecer que a frente de esquerda formada em 2006 é absolutamente insuficiente para se auto-proclamar alternativa de poder. Não se trata aqui de analisar a questão somente pelo resultado eleitoral dos três partidos que a compuseram (PCB, PSOL e PSTU), que foi abaixo da expectativa, sobretudo no caso do PSOL, partido-frente, herdeiro de uma tradição eleitoral da antiga esquerda do PT, portador de quatro mandatos no Congresso Nacional. Os resultados matemáticos desses partidos foram fracos, principalmente pela desigualdade de condições frente aos partidos burgueses e reformistas, que dispõem de recursos fabulosos dos setores do capital que os financiam. Mas o fato é que esses três partidos, mesmo juntos, não se tem apresentado como uma real alternativa de poder.

Tanto é que a frente de esquerda não se reproduziu nacionalmente nestas eleições exatamente porque em 2006 não passou de uma coligação eleitoral, sem sequer um programa, sem continuidade, sem se transformar numa FRENTE POLÍTICA real, permanente. Uma frente de esquerda tem que apresentar um projeto político alternativo, para além das eleições, e não ser um mero expediente para eleger parlamentares e dar musculatura a máquinas partidárias.

A criação de uma alternativa real de poder em 2010 não pode ser apenas um ato de vontade da esquerda. Se o movimento de massas não se reanimar, a reedição de uma frente de partidos com registro em 2010 (PCB, PSOL e PSTU) será apenas um gesto burocrático, mais uma coligação eleitoral, fadada novamente à derrota. O que precisamos, além de apostar no movimento de massas, é constituir uma FRENTE POLÍTICA, baseada num programa comum e na unidade de ação, uma frente muito mais ampla do que esses três partidos citados e que incorpore outras organizações populares, movimentos sociais, personalidades e correntes de esquerda não registradas no TSE, até para enfrentar as conseqüências da crise do capitalismo, que certamente recairão nas costas dos trabalhadores e do povo em geral.

Mas não pode ser uma frente política apenas para disputar eleições, mas para unir, organizar e mobilizar os setores populares num bloco histórico para lutar por uma alternativa de esquerda para o país, capaz de galvanizar os trabalhadores pelas transformações econômicas, sociais e políticas, na construção de uma sociedade fraterna e solidária. As experiências recentes na América Latina mostram que a esquerda socialista só tem possibilidade de se tornar alternativa de poder e de realizar mudanças a partir de eleições, se a vitória eleitoral for produto do avanço do movimento de massas e se vier a enfrentar os inimigos de classe e romper os limites da legalidade burguesa.

Temos e de radicalizar!

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

LULA E A MÍDIA

segue aqui um artigo de Beto Almeida, no qual tenho ressalvas, porém há dados, bem como trata da questao do presidente manifestar sua opinioa perante a dita opiniao publica e aos que compoem a nação.
Sem odes a Vargas. Sem ame ou odeio. Por isto as ressalvas

Na integra:
Bem-vindo ao jornalismo, presidente
Por Beto Almeida em 17/2/2009



"A minha cama... é uma folha de jornal" (Noel Rosa)

Depois de Fidel Castro, com suas indispensáveis Reflexiones del comandante, e do presidente da Venezuela, com suas densas argumentações em Las líneas de Chávez, teremos agora a coluna que Lula vai publicar regularmente em jornais espalhados por todo este país, cujo título, conforme está na Mensagem do Executivo enviada ao Congresso, será "O presidente responde". Talvez poucos jornalistas tenham lido o documento, o que não é raro em se tratando de jornalistas – há muitos que não lêem esses documentos. Será interessante ter na mesma página que ataca o Lula, suas respostas, suas interpretações e suas análises para fenômenos.

Trata-se de decisão política relevante, com muitos significados e, sobretudo, abrindo novas janelas para os que lutam para transformar os meios de comunicação, o jornalismo em particular, em instrumentos de civilização e democratização.

Primeiramente porque o jornalismo ganha em conteúdo informativo, pois, ninguém duvida, trata-se de um "colega" altamente informado. E ganha também porque raramente alguém com a rica experiência de vida e de história que ele possui, com o olhar crítico popular sobre um jornalismo feito pelas elites e para as elites, tem acesso a escrever.

Muitos críticos já se calaram


Não carece repetir a volumosa tendência antilulista predominante no jornalismo atual, o que tem levado o presidente a criticar com alguma freqüência a mídia, a baixaria televisiva e também um certo jornalismo por lhe causar azia. Pois, a decisão de se transformar um colunista político de jornal indica, primeiramente, que Lula dá um novo passo concreto para transformar o panorama comunicativo brasileiro, muito embora até muitos de seus aliados tenham dificuldades em reconhecer mudanças em curso na área, certamente porque a ditadura midiática, rigorosamente hegemônica e onipresente, ofusca, confunde e cega.

Recapitulemos. Em 2002, um Seminário Nacional de Cultura e Comunicação, realizado em cinco regiões do Brasil, produziu um documento chamado "A imaginação a serviço do Brasil", incorporado como programa na campanha "Lula-Presidente" daquele ano. Este documento programático foi duramente criticado pela mídia conservadora, Veja à frente, como de inclinação "bolchevique- caipira". O documento trazia a proposta da TV Pública a partir da fusão entre Radiobrás e TVE, mais tarde realizada pelo presidente Lula, após convocar o primeiro Fórum Nacional de TVs Públicas ocorrido no Brasil. Trazia ainda a idéia de uma nova relação com as TVs e rádios comunitárias, que só agora, vencendo as dificuldades, começa a se delinear, sobretudo a partir da proposta de descriminalizaçã o (rádios-com) e também das várias políticas de audiovisual que podem também alcançar as TVs comunitárias.

Há muitíssimo o que caminhar, mas o sinalizado não está incorreto. Os muitos Pontos de Cultura criados expandem a produção audiovisual comunitária e regional, colocando, é verdade, um bom problema: o de se encontrar espaços de divulgação. Não sem razão, a TV Brasil está fazendo a licitação para instalar repetidoras em 200 cidades de grande e médio porte, o que significa, sim, disputa de audiência. Tímida? Pode ser, mas a direção é corretíssima, confere o que está na Constituição que pede comunicação plural, regionalizada, educativa e civilizatória. Sim, mas tem que chegar aos grotões. Sei o quanto é difícil pedir paciência em comunicação, mas o fundamental agora é ajudar a construir esta TV Brasil e até muitos dos críticos já se calaram...

Vargas e a comunicação

Pois Lula, agora, vai um pouco mais além: ele próprio transforma-se em colunista de jornal o que de certo modo já responde a uma descabido pito acadêmico que erroneamente considerou sua crítica a um jornalismo que faz mal ao fígado, como se fosse elogio à não-leitura. Se desprezasse a leitura, não se transformaria ele próprio em jornalista, disposto com o gesto a enfrentar o debate pouco equilibrado em curso no jornalismo brasileiro, com os conglomerados midiáticos unidos numa linha editorial predominantemente oposicionista ao seu governo.

Se o próprio presidente da República sente a necessidade de responder ele próprio às desinformações e manipulações, ou às sonegações praticadas pela grande mídia contra si e seus atos – inclusive aquela que recebe enorme quantidade de recursos financeiros do governo que ataca, até para produzir, por exemplo, programas como o Telecurso, de boa qualidade educativa, mas inexplicavelmente exibido de madrugada –, imagine-se a vulnerabilidade do cidadão comum indefeso diante do poderio demolidor imagético dos meios!

Lições da história, os presidentes mudam a comunicação. Casos positivos: Perón criou a TV que já nasceu pública na Argentina; Guevara tomou o exemplo da Agência Latina de Perón e criou a Agência Prensa Latina, em Cuba: o general Alvarado, no Peru, foi além, nacionalizando os meios de comunicação e entregando-os aos sindicatos que, sem saber operá-los, os devolveram ao Estado. Chávez criou a Telesur. A grande transformação comunicativa de sentido público havida no Brasil ocorreu na Era Vargas. Juntamente com a industrializaçã o, a nacionalização do subsolo, a criação das empresas estatais estratégicas, do Instituto do Açúcar e do Álcool, para abrir a era da energia da biomassa, e da legislação trabalhista, que começava a tirar os trabalhadores da senzala oligárquica do direito trabalhista- zero, Vargas sentiu também a necessidade de mudanças no plano comunicativo e cultural.


O maior dos presidentes


Tendo criado o Instituto Nacional do Livro, o Instituto Nacional do Cinema, do Teatro, o ensino público obrigatório, o presidente gaúcho, que também havia sido redator de jornal no movimento estudantil, assume a criação da Rádio Nacional, da Rádio Mauá – a Emissora do Trabalhador –, do jornal A Manhã, a União, na Paraíba, tendo inclusive nacionalizado outros periódicos como A Noite, e até O Estado de S. Paulo, durante o período em que o tenente João Alberto, ex-integrante da Coluna Prestes, esteve à frente do governo paulista.

Vargas criou ainda outras publicações, mas duas delas merecem registro: O Pensamento da América, destinado à integração latino-americana, e a Revista Cultura, cuja excelência, em ambas, devia-se à qualidade de seu quadro de redatores, entre os quais Carlos Drummond de Andrade, Gustavo Capanema, Nestor de Hollanda, Clarice Lispector, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira etc. Estas publicações desapareceram, soterradas pela mesma ação demolidora do patrimônio nacional que buscou acabar com a Era Vargas.

É verdade que o sindicalista Lula fez muitas críticas a Vargas, quiçá pela proximidade que tinha com uma certa sociologia paulista, inspirada em valores coloniais-oligá rquicos, que mais tarde veio a privatizar a Vale do Rio Doce, a CSN, a Telebrás, a Portobrás e, em boa medida, a Petrobras. Tentaram rebatizá-la de PetrobraX, lembram-se? Faz muito tempo, Lula chegou mesmo a declarar que "se Vargas era o pai dos pobres, era a mãe dos ricos". Talvez, com a experiência de quem tem que tocar o barco, não as repita hoje. Basta dizer, é o próprio presidente que hoje fala que nunca antes os banqueiros ganharam tanto dinheiro como em seu próprio governo.

Mais importante é, debaixo do tiroteio das declarações, numa caminhada de décadas, que fazem a alegria de uma mídia que quer condenar para todo o sempre a Era Vargas, descobrir linhas de coincidências históricas entre Vargas e Lula. Lembrando que Lula chegou a se emocionar quando visitou o túmulo de Vargas em São Borja, acompanhado de Leonel Brizola. E, mais recentemente, baixou decreto criando a "Semana Vargas" para que, segundo explicou, todos conheçam profundamente a obra daquele que foi o maior dos presidentes. Declaração dele.

Integração latino-americana


Pois se Vargas criou a Rádio Nacional, a Rádio Mauá, a Voz do Brasil – instrumento de democratização da informação via rádio acessível a uma esmagadora maioria de brasileiros que ainda hoje, como há décadas, continua proibida da leitura de jornal –, Lula, com o mesmo sentido histórico, criou a TV Brasil, a TV pública brasileira cujo projeto estava sendo trabalhado por Vargas como desdobramento da Rádio Nacional, tendo sido sepultado, junto com o gaúcho, para a alegria do capital estrangeiro, das oligarquias nacionais, dos inimigos eternos dos direitos trabalhistas e também da comunicação pública. Hoje continuam tramando contra a Voz do Brasil, atacam o jornalismo chapa-branca, mas perdoam o jornalismo chapa-oligopó lio.

Há outras identidades, mantidas as diferenças de épocas históricas: Vargas deu início ao pró-alcool, montou o trem do álcool, Lula o retoma, o valoriza, o expande contra a pressão das potências estrangeiras – ambos os presidentes buscando a independência nacional energética. Vargas concretizou a campanha "O petróleo é nosso"; Lula afirma agora que "o petróleo pré-sal é do povo brasileiro, não das transnacionais" , as mesmas que levaram Vargas ao suicídio-golpe. E ainda convocou a UNE a sair ás ruas para uma nova campanha "O petróleo é nosso". Vargas criou o BNDS, o maior banco de fomento do mundo, que FHC usou contra o Brasil na privataria, mas não conseguiu demolir. Lula recupera parcialmente a função social do BNDES, o fortalece enormemente, fortalece o sistema financeiro público. Outras coincidências: a política externa da Era Vargas, como a da Era Lula, afirmativas da integração latino-americana, da soberania nacional, da independência, não é de tirar os sapatos e rebaixar-se ante ordens de qualquer guardinha de alfândega dos EUA...

Ditadura vídeo-financeira

Como o tema é comunicação, a partir da decisão de Lula tornar-se colunista somos levados a pensar num sentido histórico para acreditar que estão sendo criadas as condições para que o mesmo desejo do presidente de democratizar informações, de intensificar o debate democrático de idéias, possa ser feito não apenas com sua coluna, mas com a criação de novos instrumentos de comunicação dirigidos à grande massa que continua proibida de ler jornal. Ou seja, uma idéia leva à outra.
Se somadas todas as tiragens dos pouco mais de 300 jornais diários existentes no Brasil, hoje não alcançamos o número de 7 milhões de exemplares. Ou seja, temos no Brasil indigência de leitura de jornais. Temos aí uma charada que o mercado, por si só, mostrou-se incapaz de resolver: como levar os brasileiros a ter pleno acesso à leitura, tornar acessível a eles uma tecnologia do século 16, a imprensa de Gutenberg?

Seja bem-vindo o presidente Lula ao mundo do jornalismo, até porque, com certeza, se ocupará mais diretamente dos desafios da comunicação que ainda fazem com que o Brasil seja um país com informação controlada por uma ditadura vídeo-financeira. Apesar de que exista uma capacidade ociosa crônica de 50% de nossa indústria gráfica, parada, enquanto o povo não tem o que ler! Isto ilustra quando Lula diz que ainda não resolvemos problemas de outro século...

Um jornal público


Quem sabe, o colunista Lula não esteja já pensando – diante da expectativa positiva que criou ao anunciar que suas próprias palavras serão reproduzidas em centenas de jornais – em como superar os limites impostos pelo sistema de proibição da leitura. Diante de dilema similar de uma mídia de corte oligárquico, que ignora até que a Bolívia é hoje considerado "território livre do analfabetismo" pela Unesco, ou que já retomou corajosamente o controle nacional sobre suas riquezas minerais, Evo Morales viu-se impelido a lançar um jornal do poder público, já que o livre jogo do mercado conduz apenas à concentração, a um jornal para as minorias e a uma linha editorial rigorosamente antipatriótica.

Mercado não democratiza, mercado concentra, carteliza, exclui, discrimina, sonega, embrutece... Como hoje mesmo os inimigos do Estado estão "convertidos" a reconhecer o Estado como solução para a grande crise do capitalismo, no campo da comunicação podemos trabalhar com ainda mais desenvoltura as teses que reivindicam mais protagonismo do Estado: só o fortalecimento da comunicação pública, sua qualificação, sua capacidade de disputar audiência, leitores, poderá finalmente possibilitar que a invenção de Gutenberg seja acessível a todos os brasileiros, como aos bolivianos. Evo alfabetiza e democratiza a leitura. Lula cria a universidade da integração latino-americana, Unila, e torna o ensino do espanhol obrigatório. Muitas identidades. A coluna de jornal de Lula é apenas o primeiro passo, no sentido correto.

Que não se diga que os poderes públicos não podem editar jornal! Será um decreto escrito nas estrelas? Ué, por que os críticos não ficam esbaforidos, nem indignados com o fato de que é o Estado que banca grande parte do jornalismo privado? Mas, jornalismo público, não? Aí seria um crime? Na França existe um jornal editado pela Previdência Social que chega a todos os segurados, e não apenas com notícias previdenciárias. É um jornal, traz notícias do país, do mundo, do futebol, das cidades, do clima, da economia, da cultura.

Por que será impossível pensar que o Programa Bolsa Família, que leva farinha, café, macarrão a 13 milhões de famílias não pode também levar um jornal, talvez o único que os brasileiros pobres possam segurar em suas mãos não para forrar banheiro ou para servir de cama, como na música de Noel Rosa? Mas, um jornal que respeite os mais pobres como cidadãos, que lhes traga informação sobre a vida, sobre o funcionamento da economia que eles, os mais pobres, movimentam. Que não fale apenas de crimes, mas fale dos programas públicos, das oportunidades, da música popular, dos heróis nacionais. Que explique sobre medidas simples para a prevenção de doenças contagiosas, como o câncer de pênis, que pode ser prevenido em boa medida com informação em saúde, mas que os jornais sustentados por anúncios da indústria de medicamentos não querem divulgar. Que lhes dê a oportunidade de criar, finalmente, um hábito de leitura. Convenhamos que isto é impossível se não existe um jornal de distribuição gratuita, com linguagem simples e clara – não nos faltará talento para isto, afinal já demos um Monteiro Lobato, um Paulo Freire, um Ariano Suassuna, somos um país de preciosos cordelistas e payadores, mas que não têm onde escrever.

PAC da informação e da cultura

Este é o grande desafio: está muito bem que Lula seja colunista de jornal, sobretudo por ser cidadão de excepcional inteligência política – muito mais bem informado do que os mais bem informados jornalistas – e com sua capacidade de discernimento e leitura do mundo e de escrever uma outra história política para o povo brasileiro ao ter criado instrumentos, a CUT e o PT, que estimularam a participação direta dos mais pobres e excluídos na vida política e nos destinos do país. Mas esta coluna precisa também de um jornal para que seja lida por milhões, distribuído pelo mesmo mecanismo do Bolsa Família, pelas redes do SUS, pelos sindicatos, fábricas, estádios de futebol, metrôs, ônibus e trens. Já que Lula se animou a entrar no jornalismo, tomara que seja o preâmbulo de um esforço para criar, além da TV Brasil, um jornal para os milhões de brasileiros proibidos da leitura.

Aliás, a EBC é empresa de comunicação, não apenas de rádio e de televisão. Já havia sido levada pelo Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal ao congresso nacional da categoria, mas depois esquecida: um Programa Público de Popularização da Leitura e Edição de Jornal, aproveitando a capacidade ociosa da indústria gráfica. É o PAC da informação e da cultura. Gera emprego, mas, sobretudo, gera um cidadão novo, informado, cidadão completo. A gente não quer só comida, diz a música. Ou, como diz o meu xará, "Saciar a fome de pão e a fome de poesia também". Aquela masturbação acadêmica que procura a porta de saída do Bolsa-Família certamente não poderia rejeitar: além de nutridos, seres humanos com acesso à leitura, para enxergar mais longe na vida e na história.. Os acadêmicos conservadores criticam o povo que não lê; então não podem rechaçar, devem apoiar, que se trabalhe para demolir o sistema de proibição da leitura, né?

Que não se venha a inverter o verdadeiro debate falando de diploma: o desafio é criar um jornal para milhões. Se o Bolsa Família é dos maiores programas sociais do mundo, que ele seja enriquecido com a oferta de um jornal respeitoso ao pobre, civilizador, educativo, lúdico e informativo.

Quanto a diploma, é indispensável, sim, uma regulamentação, mas uma que permita às classes populares o exercício do jornalismo. Fica o tema para debate, mas definitivamente o colunista Lula está dentro da lei, além do que seu único diploma, como declarou de modo comovedor, é o diploma de presidente da República que lhe foi dado por 63 milhões de eleitores-professores.

domingo, fevereiro 22, 2009

Começou a hora do show* Carnaval e pseudo Democracia racial

Brasília, 20 de fevereiro de 2009

Em 2000, o cineasta afro-americano Spike Lee finalizou um dos seus filmes mais duros, A Hora do Show, em que satiriza a indústria cultural americana, através da crítica à representação dos negros num programa de TV. Infelizmente, a situação do Carnaval baiano permite analogia entre o branco pintado de negro em O cantor de jazz, filme citado por Lee em A Hora do Show, e os cantores e cantoras que, a partir da mimetização do imaginário, da fala, da criatividade visual, musical e rítmica de artistas negros baianos, se inserem na mídia e no mercado “pintados” de negros e negras da Bahia.

A renovação, atualização e releitura do Carnaval baiano apóiam-se fortemente na “africanização” da festa. A expressão visual, as roupas usadas no Carnaval e no cotidiano, a moda da rua, as gírias, as expressões artístico-culturais, a inventividade do negro e da negra são utilizados pelo mercado de “novidades” carnavalescas.

A reafricanização do Carnaval baiano se registra a partir dos blocos de índio, nos anos 70. É preciso lembrar que houve momentos de perseguição dos poderes públicos aos Apaches do Tororó e aos Comanches. A criação e resistência dos blocos de índios foram fundamentais para a etapa seguinte.

Em 1974, chega à avenida o Ilê Aiyê, depois vêm o afoxé Badauê, o Olodum, o Malê Debalê e, ao longo do tempo, em outras comunidades marcadamente negras e periféricas, vimos surgir Ara Ketu, Timbalada, Didá.

Estas e outras entidades, seja nas estampas, alegorias, repertórios ou musicalidade, bebem diretamente da fonte da África baiana, África recriada, imaginada, atualizada a partir de referências da juventude negra e do seu cotidiano nas periferias.
O fenômeno do enegrecimento do Carnaval encontra-se, hoje, noutro patamar.

De forma semelhante a outras manifestações originalmente referenciadas na cultura negra, o processo de inserção no mercado descaracteriza os produtos a partir da ressignificação e apropriação destas expressões artísticas por artistas e instituições não-negros, inclusive as públicas.

O Carnaval da Bahia pinta o rosto de negro, mas os espaços mais cobiçados e lucrativos, a exposição midiática privilegiada, o inegável resultado financeiro fica nas mãos e bolsos brancos ou quasebrancos.

A elite do mercado do Carnaval agiu rápida e lucrativamente ao explorar e incorporar o acervo negro baiano. A incorporação virou símbolo da Bahia e da propagada baianidade que seduz o Brasil e o mundo, através, principalmente, dos “pintados” de negro, uma mercadoria de forte receptividade, consumida com alegria pela indústria cultural e de turismo. Ao mesmo tempo, a maioria das mulheres e jovens negros cumpre papéis subalternizados na festa: comércio informal, cordas, coleta de latinhas e pets, refugos dos que pagam para usufruir da hora do show.


Em alguns casos, ainda, é preciso “embranquecer” o artista negro para ter sucesso. É preciso adotar práticas da elite do Carnaval baiano para “aparecer”: mudam-se os formatos dos shows, os locais dos ensaios, acrescentam-se elementos que representem diversidade racial, elitiza-se o produto para que ele seja melhor aceito pela mídia e pelo mercado. Alguns, que não aderem às práticas do Carnaval branco, são as exceções tão necessárias para tornar a festa ainda mais bonita e – aparentemente – legitimamente afrobaiana.

O desafio para os artistas negros e negras da Bahia é duplo: o primeiro, como todo artista, é estar atento e antenado para – a partir da arte – colocar o povo em suas obras; o segundo, mais cruel e oneroso, é ver sua originalidade reverter em ganhos para outros grupos, outras pessoas, ver sua obra obter espaços a partir de rostos “pintados” de negro.

Não é uma questão de cópia ou plágio.

É algo que escapa da legislação de direitos autorais, é mimetização e ressignificação de um patrimônio imaterial, ao mesmo tempo individual e coletivo.
Embora não haja ilegalidade nessas práticas de apropriação, há a imoralidade, que produz a deslegitimação dos processos de organização e expressão cultural da juventude negra da Bahia.

Para nós, que vimos nascer, crescer e sobreviver a pulsante originalidade desta recriação da África na Bahia, nos resta usar a voz. A pergunta é: quem são as vítimas na hora do show ?

*Por Luiz Alberto - Deputado Federal (PT/BA), ex-secretário de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia
Fonte: Jornal A Tarde / Opinião - Página 3 - Publicado em 20 de fevereiro de 2009

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Oposição tem medo da capacidade de Lula para fazer sucessor, diz Berzoini

O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoni (SP), afirmou nesta quarta-feira (18) que a representação do DEM (ex-PFL) contra o governo Lula por suposta antecipação da campanha eleitoral de 2010 é uma demonstração do medo que a oposição tem do crescimento político do presidente Lula e da sua potencial capacidade de fazer a sua sucessão.

"A oposição está passando o recibo antes da hora. Na verdade a preocupação com a eleição é porque eles percebem que o povo identifica no governo Lula um comportamento radicalmente diferente do governo Fernando Henrique Cardoso", rebateu Berzoini, durante debate na Rádio CBN com o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Berzoini fez questão de destacar as diferenças entre os governos Lula e FHC no enfrentamento de crises financeiras e econômicas internacionais. No governo FHC, lembrou ele, as crises foram enfrentadas com arrocho salarial, redução de investimentos e principalmente aumento de imposto. "No governo Lula o tratamento da crise é totalmente diferente: ao invés de ficar na defensiva, o governo vai para a ofensiva, aumentando o salário mínimo (6% acima da inflação), ampliando o programa bolsa família, reduzindo o Imposto de Renda da Pessoa Física, reduzindo o IPI dos carros, o que possibilitou a recuperação do setor automobilístico em janeiro". Disse o presidente do PT.

Na avaliação de Berzoini a oposição se apavora porque percebe que o povo, por meio de pesquisas, como a recentemente realizada pela CNT/Sensus, identifica que o governo Lula está no caminho certo. "Com dificuldade orçamentária, mas com coragem para não ficar na defensiva como aconteceu nas crises da Asia, da Rússia ou do México, quando o governo FHC jogou o país na recessão e na estagnação. Eu tenho a certeza que daqui a seis meses a gritaria da oposição vai aumentar porque o que eles têm medo é do crescimento político do presidente Lula", afirmou.

Ele recordou que o governo Lula reduziu o IOF para diminuir o custo do crédito e anunciou também que vai não só manter como buscar recursos orçamentários para as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) , além de lançar um programa com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para financiar a construção de um milhão de habitações populares nos próximos dois anos.

Prefeitos

O deputado Berzoini também rebateu as reiteradas críticas da oposição ao encontro nacional de prefeitos realizado neste mês, em Brasília e sobre as viagens da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), para acompanhar as obras do PAC. "O que a oposição tenta é politizar a ação administrativa do governo. O governo Lula, ao contrário do governo FHC, tem uma relação intensa com os prefeitos. No governo FHC, quando os prefeitos chegavam em Brasília ou eram recebidos com desprezo ou com repressão". Ele recordou que àquela época até cães foram usados para reprimir prefeitos. O governo Lula, porém, mudou o tratamento: desde o início, em 2003, o presidente comparece à Marcha dos Prefeitos em Brasília.

Segundo Berzoini, as atividades dos ministérios, no governo Lula, está voltada permanentemente para a ação dos municípios, para articular as obras de infraestrutura e os programas sociais do governo. "Então é natural que com a posse de novos prefeitos nós tenhamos um evento em Brasília onde o presidente Lula e os seus ministros apresentem a renovada disposição para estreitar a relação do governo federal com os municípios. Nada tem a ver com campanha".

Berzoini observou que não era apenas a ministra Dilma Rousseff que estava presente ao evento em Brasília, que a oposição está tachando de eleitoreiro. "Praticamente todos os ministros estavam presentes. E não havia nada de eleitoral. Havia simplesmente um ambiente político, que é normal, entre o presidente da República, ministros e prefeitos de todos os partidos, inclusive os de oposição ao governo . Todos estavam ali discutindo programas de governo e proposta de cooperação entre o governo federal e os governos municipais", disse.

Liderança do PT/Câmara (www.ptnacamara. org.br)

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Veja e PMDB- Moralismo miasmatico de porão

sempre 13!
Trabalho,Terra e Liberdade

LEITURAS DE VEJA

Jogadas de pirotecnia política
Por Luciano Martins Costa em 16/2/2009
Comentário para o programa radiofônico do OI, 16/2/2009


A revista Veja lançou seu candidato à vice-presidência da República em 2010. A entrevista com o senador peemedebista Jarbas Vasconcelos (edição 2100, de 18/2/2009) não sairia mais adequada à posição política adotada pela revista – e pela maioria da imprensa brasileira – se tivesse sido produzida pela assessoria de imprensa do próprio senador. Mas o resultado da operação, por enquanto, é nulo.

Apesar de algumas notas publicadas no fim de semana, aquilo que deveria ser uma jogada bombástica vai se diluindo na geléia geral da política, como diz nos jornais de segunda-feira (16) o outro ícone da moralidade, o senador Pedro Simon.

O que Jarbas Vasconcelos disse à Veja não constitui novidade [ver aqui, para assinantes]. A novidade é um senador dizer que a maioria dos integrantes do seu partido só pensa em ganhar dinheiro com a corrupção – e não ser expulso do partido. Pois, segundo os jornais de segunda-feira, o PMDB deve imaginar uma punição a Jarbas Vasconcelos mas não deverá lhe dar de presente a expulsão, que o colocaria no palanque para a eleição presidencial de 2010.

Até mesmo o senador Pedro Simon, tido como a grande reserva moral do partido, minimizou as declarações de Vasconcelos, dizendo que a corrupção está presente em outras agremiações, citando PT, PSDB, DEM, PPS e PTB. Eco dos rojões .Então, qual é a jogada?

O lance de Veja é apresentar Jarbas Vasconcelos como a última flor no lodaçal do PMDB, capaz de grudar o maior partido do Brasil a um projeto político diferente do atual governo.

Na resposta à última pergunta da entrevista, como se estivesse cumprindo o roteiro de sua assessoria de imprensa, o senador pernambucano afirma que não tem mais gosto de seguir disputando cargos na política, exceto se viesse a ser engajado na candidatura do governador de São Paulo, José Serra, à presidência da República.

Acontece que, isolado, ele pouco acrescentaria à candidatura da oposição. Aquilo que poderia ser uma bomba a rachar o PMDB acaba tendo um efeito nulo. Os líderes do partido, entre eles o presidente do Senado José Sarney, citado pessoalmente na Veja, se fingiram de mortos. E o próprio Jarbas Vasconcelos, procurado por jornalistas para especificar os casos de corrupção a que se referiu na entrevista, disse que não acrescentaria mais nada.

Para os leitores que se entusiasmaram com as declarações fortes do senador, fica apenas o eco dos rojões. Sem acusações concretas, fica a sensação de mais um factóide. Pirotecnia política.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

De quem é o PRÉ-SAL? / PPS se alia a PSDB/ Questão Cesare Batistti



Por Emanuel Cancella, Diretor do Sindipetro-RJ
Artigo publicado em 'O Globo' de 21/01/2009
Divulgação: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)


Quem vai financiar a produção de petróleo e gás descoberto no pré-sal? A Petrobrás, lógico! Com que dinheiro? O pré-sal e suas reservas gigantescas de petróleo e gás são garantias para qualquer financiamento em bancos no Brasil e no mundo. A Petrobrás financiou, com recursos próprios, durante décadas, a pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para descobrir o pré-sal. O pré-sal era inatingível para o mundo do petróleo. A Petrobrás aceitou o desafio e chegou lá. Profundidades de 5 a 7 mil metros depois da lâmina d´água de 2mil metros no mar. Toda essa tecnologia foi desenvolvida no centro de pesquisas da Petrobrás que gastou bilhões de reais.

No momento em que as reservas de petróleo e gás no mundo estão em declínio, a Petrobrás trás essa noticia alvissareira que nos enche de orgulho: o pré-sal possui reservas de petróleo e gás que nos coloca ao lado dos grandes produtores de petróleo do mundo. Estamos falando em valores que podem atingir trilhões de dólares. O preço do petróleo abaixo dos cinqüenta dólares é artificial; qualquer especialista sabe que o patamar mínimo é de 100 dólares quando sabemos que a commodity já atingiu preço internacional acima é de 140 dólares. A matriz energética do mundo tem como base o petróleo e o gás e vai continuar a sê-lo, durante pelo menos os próximos cinqüenta anos.

Manter leilões de petróleo como quer a Agência Nacional de Petróleo (ANP) é entregar o ouro (negro) aos bandidos, como diz o jargão popular. É privatizar nosso petróleo e gás! Alguém sabe do dinheiro das privatizações de FHC? E dos 10 leilões de petróleo realizados nos governos de FHC e Lula também ninguém sabe! No silêncio criminoso dos governos e na desinformação da sociedade, as multinacionais avançam.

A empresa americana Exxon Mobil descobre em 21/01/2009 um megacampo, BMS-22 de petróleo e gás na área do pré-sal. Grande parte de nossas áreas com potencial petrolífero já estão entregues através dos leilões às empresas privadas, em sua maioria multinacionais, incluindo o pré-sal. Essas mesmas empresas, através dos Contratos de Risco adotados pelo Governo de Ernesto Geisel estiveram no Brasil, de 1975 a 1988, sem sucesso. A diferença é que no governo Geisel, a busca do petróleo e gás partia do zero, já nos leilões da ANP as áreas com potencial petrolífero já estão mapeadas pela Petrobrás, são as chamadas áreas azuis. Por isso é que os contratos de Geisel eram chamados de risco, e também por isso nada foi encontrado porque descobrir petróleo e gás e muito oneroso, e o risco é muito grande. A Petrobrás financiou e correu todo o risco, para o governo através da ANP entregar de mãos beijadas nosso petróleo e gás.

Enquanto isso, os nossos hospitais públicos continuam caóticos; o ensino público deficiente; a segurança pública em crise; grande parte dos municípios sem água e esgotos tratados. Sempre foi assim no Brasil, continuamos ao longo da história a entregar nossas riquezas. Já levaram nosso ouro metal e agora é o ouro negro. No futebol podemos nos dar ao luxo em ser o grande exportador de craques, como Ronaldinhos, Kaká e Robinho, até porque no Brasil eles se renovam a cada ano. Mas a natureza, para transformar os fósseis em hidrocarboneto, precisa de milhões de anos. O petróleo tem que ser nosso!



www.apn.org.br

É permitida (e recomendável) a reprodução deste artigo, desde que citada a fonte.


fonte:http://www.viomundo .com.br/voce- escreve/altamiro -borges-roberto- freire-vira- aspone-de- kassab/

PPS se alia ao PSDBAltamiro Borges: Roberto Freire vira aspone de Kassab


Até Ricardo Noblat, colunista do jornal O Globo, registrou o fato curioso no seu blog, replicando um artigo de José Dirceu intitulado Roberto Freire recebe jetons da prefeitura. Ele informa que o ''presidente nacional do PPS, que posa e gosta de se apresentar como paladino da moralidade no país, recebe jetons no valor de R$ 12 mil mensais da prefeitura de São Paulo pela participação em dois conselhos municipais - Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e SP-Turismo.. . O conselheiro assina atas de reuniões a que não comparece, com o agravante de que é integrante da turma do falso moralismo, da turma dos gigolôs da ética alheia''


A denúncia apareceu primeiro no Jornal da Tarde, no final de janeiro, num texto de Fábio Leite. Ele revelou que Roberto Freire é uma das 58 pessoas beneficiadas pela política de contratação de ''conselheiros' ', implantada em 2005 na gestão do José Serra, atual governador e o presidenciável preferido das elites. Reeleito, o demo Gilberto Kassab, pau-mandado do tucano, manteve o jetom do chefão do PPS. O texto do JT afirma que esta ''bondade administrativa' ' visa acolher aliados e engordar os salários dos secretários municipais. Apesar da gravidade da denúncia, que lembra o tal ''mensalão'', as emissoras de televisão e os jornalões não fizeram qualquer alarde, outra prova de que a mídia está totalmente engajada no retorno do bloco liberal-conservador ao poder.

A formalidade da fusão PPS-PSDB

O ex-deputado federal e atual presidente do PPS tem sido muito paparicado por tucanos e demos. Desde o final dos anos 80, quando da desintegração do bloco soviético, ele acelerou sua guinada à direita, convertendo- se num apologista do capitalismo. Após implodir o antigo ''partidão'', ele virou líder do governo neoliberal de FHC e um expoente do projeto de privatização e desmonte do Estado. No governo Lula, tornou-se um raivoso opositor, posando de vestal da ética. Chegou a defender o impeachment do presidente, acusando-o de estar metido no escândalo do mensalão - logo ele que, ironicamente, recebe jetons da prefeitura paulistana e reside em Pernambuco.

Essa conversão direitista desidratou o PPS, partido que Roberto Freire comanda como um velho coronel. Nas eleições de 2008, este agrupamento híbrido sofreu as maiores baixas, perdendo 188 prefeituras e milhares de vereadores.

Diante do baque, Freire passou a defender a extinção do PPS e o seu ingresso no PSDB, vestindo de vez a roupagem tucana. Em novembro passado, José Serra fez o convite formal para a adesão, num jantar em Brasília oferecido à cúpula ''socialista' '. Ficou acertado que os dois partidos deverão se fundir até o final do primeiro semestre deste ano. ''O PPS conversa há muito tempo com o PSDB. Precisamos montar um agrupamento político forte para a era pós-Lula'', relatou, na ocasião, o deputado Nelson Proença, seguidor de Freire.

Escândalo e indignação nas bases

Segundo Pedro Venceslau, num artigo para revista Fórum intitulado ''tucanos de bico vermelho'', a fusão não terá maior impacto no mundo político. ''Na prática, não passa de mera formalidade. Desde a eleição de Lula, os dois partidos mantêm relação para lá de carnal. Indignam-se juntos e assinam notas, manifestos e repúdios, em geral ao lado do DEM, sempre que surge um gancho contra o governo federal''. Mas, com base nas sondagens do jornalista, a fusão deverá produzir abalos no interior do PPS. Setores que ainda se identificam com a esquerda estão muito inquietos com a perda total de autonomia da legenda que ainda conserva o ''socialismo' ' no nome.

A ex-candidata à prefeita do partido, Sonia Francine, já havia sido cooptada por Gilberto Kassab para a subprefeitura da Cidade Tiradentes. Agora, é o próprio Roberto Freire que vira aspone do prefeito demo. Se a mídia fosse isenta, o escândalo seria devastador. Afinal, os 58 ''conselheiros' ' causam um rombo de R$ 4,17 milhões aos cofres públicos. Os jetons elevam, de forma ilegal, os salários de 15 secretários municipais e bancam aliados políticos que nem sequer moram em São Paulo. Diante destas maracutaias, será difícil manter o falso discurso da ética. Os militantes mais sadios do PPS devem, realmente, ficar indignados. Do contrário, jogarão o seu passado no lixo.


CESARE BATISTTI e o jogo da mídia


Rui Martins, em defesa de Cesare Battisti

O exercício do jornalismo envolve uma grande responsabilidade, principalmente quando se relaciona com o destino de pessoas. Escrever um artigo, que pode influir na decisão de um juiz e implicar na condenação de um homem à prisão perpétua, exige serenidade, cautela e principalmente provas.

Não se pode "cozinhar" textos de uma só fonte para lançar acusações, principalmente numa revista tida como de esquerda, quando o tema é pouco conhecido no Brasil e o artigo publicado poderá fazer lei e servir de referência.

É regra de Direito a presunção de inocência para qualquer cidadão. Embora haja abuso, geralmente por suspeitos abastados, esse princípio tem de ser respeitado, senão serão os pobres e os revoltados contra o establishment as principais vítimas da presunção de culpabilidade.

Refiro-me ao artigo Em pele de cordeiro, publicado em julho, na revista Carta Capital, sobre o italiano Cesare Battisti. Não conheço Battisti pessoalmente, mas tenho acompanhado sua dolorosa trajetória pelos jornais europeus. Não acredito que seja um anjo, nem que precise de minha compaixão, mas se trata de um ser humano e é, considerando-o como um homem e pai de família, punido com cerca de trinta anos de fugas e perseguições numa existência ao fio da navalha, que tenho defendido Cesare Battisti.

Na defesa da concessão do benefício de asilo político a Cesare Battisti tenho estado quase sozinho na imprensa brasileira, enquanto uns poucos do lado político, como o deputado Fernando Gabeira e o senador Eduardo Suplicy procuram evitar a extradição desse italiano, condenado à revelia à prisão perpétua na Itália.

Não conheço também pessoalmente meu colega jornalista autor do artigo na Carta Capital, mas seu texto é preconceituoso e tendencioso, usando o mesmo estilo e terminologia com que eram tratados os "subversivos brasileiros" na época da ditadura militar.

Ora, como o autor desse texto escreveu também um livro sobre jornalismo investigativo, não consigo entender porque tanta parcialidade contra o jovem operário filho e neto de comunistas, admirador de Marx e Pasolini, numa província italiana, naqueles nebulosos anos 60-70, em que tantos outros jovens, na Europa, como aqui no Brasil, pegaram de forma canhestra em armas, na ilusão de ser esse o caminho para reformas sociais.

Com a certeza de um promotor ávido de condenações, o autor não deixa margem a dúvidas para seus leitores e diz taxativo: "Cesare argumenta ser ativista político, mas não passa de um criminoso comum".

Esse texto, que me chegou as mãos com quase três meses de atraso, me lembra a mesma linguagem dos jornais baianos, cariocas ou paulistas sobre os "bandidos, ladrões, assassinos" seguidores de Lamarca e Marighela.

O texto é definitivo e taxativo, não deixa nada no condicional, como num jornal da PIG (termo tão bem criado pelo colega Paulo Henrique Amorim) da época da ditadura. E essa certeza do autor de estar contando para os brasileiros a verdade, acaba por corroborar um mentira, quando afirma ter sido Battisti e seu bando o responsável pelo tiro que tornou paraplégico o filho do joalheiro. Uma pesquisa mais "investigativa" pelo próprio Google teria mostrado ter sido um tiro do próprio joalheiro, numa tentativa de se defender.

Isso não justifica o injustificável, mas mostra haver erros no relato dos acontecimentos, mesmo porque, verdade ou não, Battisti nega ser o autor dos assassinatos que lhe foram imputados por um dos chefes do grupo armado, que se arrependeu, denunciou e foi libertado.

Para o autor do artigo na Carta Capital, pelo jeito o que vale são as informações da embaixada italiana preocupada com a concessão ou não da extradição a Cesare Battisti. Vale a alegria de Romano Prodi com a prisão de Battisti no Brasil, sem se preocupar com os interesses eleitorais de Prodi, com a cotação em baixa naquela época. E o autor critica a não extradição pela França de outros italianos, por terem se beneficiado da Doutrina de Mitterrand, favorável à concessão de anistia para uma centena de antigos militantes esquerdistas italianos, vivendo na França.

Ora, a Comissão Nacional de Refugiados afirma o asilo para Cesare Battisti, decisão importante para o STF, e o artigo publicado de maneira tendenciosa na Carta Capital, mostrando que infelizmente não existe mesmo imprensa de esquerda no Brasil, pode ter uma maléfica influência. Esperamos que a matéria imparcial e a entrevista com Battisti, publicadas em outra revista, Piauí, seja lida pelo relator.

Por que a mídia privada não consegue ver o FSM?

Chefes de Estado discutem crise com movimentos sociais no FSM

Fonte: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)

Os presidentes do Paraguai, Fernando Lugo, e do Equador, Rafael Correa, foram as grandes atrações, em Belém, durante encontro com representantes dos movimentos sociais e sindicais, no Fórum Social Mundial, em Belém. Lugo e Correa cantaram músicas do cancioneiro latino-americano, arrancando aplausos da platéia. Também estavam presentes os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales.

Os chefes de Estado debateram o tema Perspectivas da Integração Popular da América Latina com os movimentos sociais e sindicais. À noite, teriam um encontro também com a participação do presidente Lula. Da agenda do presidente brasileira consta, ainda, o painel América Latina e o Desafio da Crise Internacional.

Da reunião com os quatro chefes de Estado da América do Sul participaram movimentos sociais de todo o continente, que fazem parte da articulação Alba Movimientos, como Via Campesina, Jubileu Sul, ASC (Aliança Social Continental), Marcha Mundial das Mulheres, CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), Alai, Caoi, Fecoc, Compa, dentre outras.

Antes da chegada dos presidentes, os militantes fizeram discursos de protestos contra o pacto social, em defesa do emprego, salário e direitos. Afirmaram, ainda, que são os patrões que devem pagar pela crise financeira. Eles apresentam uma extensa plataforma de exigências aos patrões e aos governos, o que inclui, entre outras, estabilidade no emprego, suspensão das dívidas nos financiamentos habitacionais populares, estatização, sem indenização e sob controle dos trabalhadores, de todas as empresas que demitirem em massa. Direitores do Sindipetro-RJ também participaram do evento. A 9ª edição do Fórum Social Mundial começou oficialmente ontem (28) e vai até domingo.


Por que a mídia privada não consegue ver o FSM?

A mídia mercantil é um caso perdido para a compreensão do mundo contemporâneo. Não por acaso a crise atual a afeta diretamente. Não tardará para que comecem as quebras de empresa de jornalismo por aqui também. E eles serão vitimas da sua própria cegueira, aquela que lhes impede de ver os projetos do futuro da humanidade, que passeiam pelas veredas de Belém.
Emir Sader

Mais uma vez a mídia privada não consegue ver o FSM. Os leitores que dependerem dela ficarão sem saber o que acontece aqui em Belém. Por que? O que impede uma boa cobertura, se a riqueza de idéias, a diversidade de presenças, a força dos intercâmbios – como não se encontra em lugar algum do globo – estão todos aqui? Há jornalistas, algum espaço é dedicado pela imprensa ao evento, mas o fundamental passa despercebido.

O fundamental não tem preço – diz um dos lemas melhores do FSM. Enquanto o neoliberalismo e o seu reino do mercado tentam fazer com que tudo tenha preço, tudo se venda, tudo se compre, ao estilo shoping-center, o FSM se opôs desde o seu começo a isso, opondo os direitos de todos ao privilégio de quem tem poder de compra, incrementando sempre mais as desigualdades.

Um jornalista da FSP (Força Serra Presidente) se orgulha de ter ido a todos os Foros de Davos e, consequentemente, a nenhum Forum Social Mundial. A espetacular marcha de abertura do FSM retratada com belíssimas fotos por Carta Maior, foi inviabilizada pela mídia mercantil.

A cobertura se faz com a ótica com que essa imprensa se comporta, com os óculos escuros que a impedem de ver a realidade. O FSM, como tudo, é objeto das fofocas sobre eventuais desgastes do governo Lula – a obsessão dessa mídia. Não cobrem o dia do Forum PanAmazônico, não deram uma linha sobre o Forum da Mídia Alternativa, não ouvem os palestinos, nem os africanos ou os mexicanos. Nada lhes interessa. No máximo aguardam para ver se Brad Pitt e Angelina Jolie vão vir.

Seu estilo e sua ótica está feita para Davos, para executivos, ex-ministros de economia. Lamenta a imprensa que a América Latina, a África e a China estejam tão pouco representados em Davos. Mas o que teriam a fazer por lá? Não se perguntam, nem querem saber. Seus jornalistas não são orientados senão para seguir os passos de Lula e seus ministros.

Temas como os diagnósticos da crise e as alternativas, a guerra e as alternativas de paz, as propostas de desenvolvimento sustentável – fundamentais no FSM – estão fora da pauta. Nem falar da crise da própria mídia tradicional e das propostas de construção de mídias públicas e democráticas

A mídia mercantil é um caso perdido para a compreensão do mundo contemporâneo. Não por acaso a crise atual a afeta diretamente. Não tardará para que comecem as quebras de empresa de jornalismo por aqui também. E eles serão vitimas da sua própria cegueira, aquela que lhes impede de ver os projetos do futuro da humanidade, que passeiam pelas veredas de Belém.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Sobre a Lei de Cotas nas Universidades I

Este Nucleo da PUC e o Nucleo Sao Pedro ,em Jacarepagua, tem historica militancia ligada a luta dos prés vestibulares comunitários, bem como, por seguinte, no apoio a luta pela aprovaçao do projeto de lei favoravel a implementação das leis de cotas etnicas e sociais em todas as universidades publicas do pais.

Tal de tema, de relevancia e por assim polemico tem criado debates sobre a 'discriminação positiva' e a luta por uma isonomia nesta sociedade pretensamente democratica. Que negros e pobres sao os mais discriminados, encontram maiores dificuldades ao acesso a educaçao e trabalho, constituem os fatos para tal longa marcha pela aprovaçao desta lei. Porém, uma vez mais nossos parlamentares embarreram a mesma. Desta vez por falta de quorum.

Segue a materia :

http://oglobo.%20globo.com/%20educacao/%20mat/2008/%2012/15/divergenci%20as-falta-%20de-quorum-%20adiam-audiencia-%20sobre-cotas-%20nas-universidade%20s-587299661.%20asp

Cotas raciais e sociais
Divergências e falta de quórum adiam audiência sobre cotas nas universidades
Publicada em 15/12/2008 -Agência Senado

O projeto prevê subdivisões da percentagem das vagas destinadas a alunos das escolas públicas de ensino médio. Desse total, uma parte se destinaria a alunos cuja renda per capita familiar não seja maior que 1,5 salários mínimos, e outra parte aos alunos que se autodeclarem negros, pardos e indígenas, de acordo com o percentual estadual apurado pelo Censo do IBGE de 2000

Criticando os criticos à lei e a falta de quorum,a relatora da matéria na CCJ, senadora Serys Silhessarenko (PT-MT), disse que, do seu ponto de vista, o texto do projeto está claro e que a questão é política. Para ela, o projeto está tramitando no Congresso Nacional há quase dez anos porque "muitos não querem que a lei seja aprovada". Serys ressaltou que os pobres, os negros, os índios e os pardos não têm chance de chegar à universidade pública.

"A elite brasileira nunca se empenhou para que a escola pública fosse boa para todos" -Cristovam Buarque -PDT

"Por que fazem isso em temas ligados aos negros e aos pobres? " - perguntou frei David (Educafro)

segunda-feira, dezembro 15, 2008

PT e o debate sobre alternativas de esquerda à crise:

Anunciada há tempos, a crise da economia mundial , rapidamente espraiou-se pelos demais países desenvolvidos a partir do Centro Financeiro mundial. Originalmente localizada na esfera da especulação, a crise atingiu a economia real de todos os países capitalistas com graves repercussões sociais decorrem, a dispensa massiva de trabalhadores e o cancelamento de novos investimentos.

A desaceleração ou, em alguns casos, recessão que atingem as economias desenvolvidas, e alguns novos pólos industriais fazem derreter os preços das commodities, transferindo para os países em desenvolvimento parte dos prejuízos. A diminuição do volume e do valor das exportações têm forte impacto sobre as balanças comerciais e de pagamento de dezenas de economias. A tudo isso se somam restrições do crédito, decorrentes da erosão do sistema financeiro. Elas comprometem o comércio mundial, os investimentos produtivos e muitos projetos de desenvolvimento econômico e social. A fuga de capitais especulativos, que buscam refúgio mais seguro, está na raiz das enormes perdas nas Bolsas de Valores, sobretudo, nos países em desenvolvimento, onde têm provocado mudanças cambiais significativas, como aquelas que afetam o Brasil.

As iniciativas tópicas vão à direção do fortalecimento da intervenção do Estado para conjurar a crise. Essas medidas têm sofrido resistências por parte dos fundamentalistas do liberalismo econômico e aprofundam a crise político-ideológica que vem afetando a hegemonia conservadora que se afirmou no campo econômico e político nos últimos 25 anos. Tudo se passa como se houvesse caído "o muro de Berlim deles".É sempre bom lembrar que a principal conseqüência da crise de 1929 foi a ascensão do fascismo e do nazismo, a tragédia da Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, a reorganização do capitalismo mundial.

O desfecho da atual crise dependerá, em grande medida, da capacidade de resposta, teórica e prática, das esquerdas. Mais que diagnósticos genéricos, são necessárias reflexões profundas sobre a natureza e extensão da crise e sobre as alternativas políticas que se abrem,pois, como manifestou o presidente Lula em seu recente pronunciamento nas Nações Unidas, "é chegada a hora da política". É hora de construir alternativas. Esse esforço é tarefa de toda a esquerda brasileira, a qual o PT deve convocar. E exige também uma articulação com as esquerdas em âmbito mundial, sobretudo no âmbito sul-americano.

Para o Brasil, a crise tem um significado particular e, para nós, prioritário. As alternativas que o Governo Lula vem construindo e implementando apontam para um enfrentamento progressista da turbulência internacional, na medida em que rejeitam as propostas conservadoras da oposição (do tipo "corte de gastos" ou "ajuste"); preservam as políticas sociais; dão continuidade ao PAC, como instrumento de garantir o crescimento e de vencer importantes gargalos de nossa economia; e apontam para medidas de preservação e ampliação da geração de empregos, entre outras medidas de impacto.

É importante ressaltar, finalmente, que o desenvolvimento da crise econômica, e seus efeitos sociais e políticos, terão decisiva incidência nas eleições de 2010 e em outros processos sucessórios que se avizinham na América do Sul. O governo brasileiro tem tido uma presença forte na cena mundial,defendendo reformas radicais e urgentes dos organismos econômicos e financeiros multilaterais (criados em Bretton Woods), posições que foram defendidas na cúpula de Washington (13-14 de novembro) pelo Presidente Lula.

O PT, os partidos de esquerda e os movimentos sociais vinculados aos trabalhadores devem aproveitar o ano de 2009 para desencadear um amplo e qualificado debate sobre a crise e, principalmente, sobre as alternativas.Propor, aos partidos e organizações do campo democrático e popular, a constituição de um foro permanente de debates sobre a crise, com a participação dos partidos de esquerda, centrais sindicais e de economistas do Governo, bem como de intelectuais de amplo espectro político-ideológico.

Calote Equatoriano

A polêmica envolvendo a Odebrecht, os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a atitude do governo equatoriano e a resposta do governo brasileiro, permite diferentes ângulos de abordagem. Todo apoio ao Governo e à auditoria da dívida externa do Equador contra uma empreiteira que construiu uma obra com imensos problemas. Mas é preciso agir de maneira a punir a empreiteira, não o BNDES.

Qual deve ser a atitude do Estado diante das empresas privadas que prestam serviços ao poder público? Como tratar empréstimos públicos internacionais, vinculados a empreendimentos privados? Qual a atitude diante da necessidade de auditar o endividamento interno e externo ocorrido nos países da região? Que tipo de relações deve prevalecer entre os governos progressistas e de esquerda existentes na América do Sul?

A direita brasileira e sua mídia participam da polêmica com o objetivo de colocar areia nas relações entre os governos de Lula e Rafael Correa. Setores da esquerda e da ultra-esquerda, por sua vez, declaram apoio total ao Equador, criticando a postura supostamente "sub-imperialista" do governo brasileiro e sua "submissão" aos interesses de uma empreiteira

Vejam artigos sobre em :
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4049&boletim_id=505&componente_id=8820

Carta Maior Boletim :
link: http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?alterarHomeAtual=1

Fundação Perseu Abramo
http://www.fpabramo.org.br/portal/