segunda-feira, dezembro 15, 2008

PT e o debate sobre alternativas de esquerda à crise:

Anunciada há tempos, a crise da economia mundial , rapidamente espraiou-se pelos demais países desenvolvidos a partir do Centro Financeiro mundial. Originalmente localizada na esfera da especulação, a crise atingiu a economia real de todos os países capitalistas com graves repercussões sociais decorrem, a dispensa massiva de trabalhadores e o cancelamento de novos investimentos.

A desaceleração ou, em alguns casos, recessão que atingem as economias desenvolvidas, e alguns novos pólos industriais fazem derreter os preços das commodities, transferindo para os países em desenvolvimento parte dos prejuízos. A diminuição do volume e do valor das exportações têm forte impacto sobre as balanças comerciais e de pagamento de dezenas de economias. A tudo isso se somam restrições do crédito, decorrentes da erosão do sistema financeiro. Elas comprometem o comércio mundial, os investimentos produtivos e muitos projetos de desenvolvimento econômico e social. A fuga de capitais especulativos, que buscam refúgio mais seguro, está na raiz das enormes perdas nas Bolsas de Valores, sobretudo, nos países em desenvolvimento, onde têm provocado mudanças cambiais significativas, como aquelas que afetam o Brasil.

As iniciativas tópicas vão à direção do fortalecimento da intervenção do Estado para conjurar a crise. Essas medidas têm sofrido resistências por parte dos fundamentalistas do liberalismo econômico e aprofundam a crise político-ideológica que vem afetando a hegemonia conservadora que se afirmou no campo econômico e político nos últimos 25 anos. Tudo se passa como se houvesse caído "o muro de Berlim deles".É sempre bom lembrar que a principal conseqüência da crise de 1929 foi a ascensão do fascismo e do nazismo, a tragédia da Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, a reorganização do capitalismo mundial.

O desfecho da atual crise dependerá, em grande medida, da capacidade de resposta, teórica e prática, das esquerdas. Mais que diagnósticos genéricos, são necessárias reflexões profundas sobre a natureza e extensão da crise e sobre as alternativas políticas que se abrem,pois, como manifestou o presidente Lula em seu recente pronunciamento nas Nações Unidas, "é chegada a hora da política". É hora de construir alternativas. Esse esforço é tarefa de toda a esquerda brasileira, a qual o PT deve convocar. E exige também uma articulação com as esquerdas em âmbito mundial, sobretudo no âmbito sul-americano.

Para o Brasil, a crise tem um significado particular e, para nós, prioritário. As alternativas que o Governo Lula vem construindo e implementando apontam para um enfrentamento progressista da turbulência internacional, na medida em que rejeitam as propostas conservadoras da oposição (do tipo "corte de gastos" ou "ajuste"); preservam as políticas sociais; dão continuidade ao PAC, como instrumento de garantir o crescimento e de vencer importantes gargalos de nossa economia; e apontam para medidas de preservação e ampliação da geração de empregos, entre outras medidas de impacto.

É importante ressaltar, finalmente, que o desenvolvimento da crise econômica, e seus efeitos sociais e políticos, terão decisiva incidência nas eleições de 2010 e em outros processos sucessórios que se avizinham na América do Sul. O governo brasileiro tem tido uma presença forte na cena mundial,defendendo reformas radicais e urgentes dos organismos econômicos e financeiros multilaterais (criados em Bretton Woods), posições que foram defendidas na cúpula de Washington (13-14 de novembro) pelo Presidente Lula.

O PT, os partidos de esquerda e os movimentos sociais vinculados aos trabalhadores devem aproveitar o ano de 2009 para desencadear um amplo e qualificado debate sobre a crise e, principalmente, sobre as alternativas.Propor, aos partidos e organizações do campo democrático e popular, a constituição de um foro permanente de debates sobre a crise, com a participação dos partidos de esquerda, centrais sindicais e de economistas do Governo, bem como de intelectuais de amplo espectro político-ideológico.

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